Estado figura com 2,5 feminicídios para cada 100 mil habitantes, sendo o segundo mais violento da região Norte. Dados são do Monitor da Violência

Apesar de o Acre deixar de figurar no topo do ranking dos estados onde mais matam mulheres pelo simples fato de serem mulheres no Brasil, o estado ainda está acima da média nacional. Isto é o que diz os dados do Monitor da Violência, uma parceria do g1 com o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que apontou para a média de 2,5 feminicídios para cada 100 mil habitantes em 2022.

Ainda de acordo com as informações do Monitor, o Acre fica atrás apenas do Mato Grosso do Sul (3,5), Rondônia (3,1) e Mato Grosso (2,7). Ou seja, o estado é o segundo mais violento da região Norte para com mulheres.

A média nacional em 2022 ficou em 1,3 feminicídios para cada 100 mil habitantes, o que perfaz um aumento de 5% em comparação com 2021. No geral, são 1,4 mil mulheres mortas em todo o país, sendo o maior desde que a lei de feminicídio entrou em vigor, em 2015.

No ano de 2020, o Acre tinha ficado em quarto lugar entre os estados com maiores taxas de feminicídio. Este ano, o estado retorna à posição. Na época, o índice ficou em 2,7 para cada 100 mulheres e o estado ficou atrás do Mato Grosso que teve taxa de 3,6, Roraima (3) e Mato Grosso do Sul (2,9).

Já com relação a taxa de homicídios femininos, cujos dados não incluem somente as mortes de mulheres motivadas por gênero, o número se eleva para cinco, estabelecendo-se em sétimo lugar.

Feminicídios no Acre
Dados registrados mensalmente no estado em 2021 e 2022
20222021janeirofevereiromarçoabrilmaiojunhojulhoagostosetembrooutubronovembrodezembro012345
Fonte: Monitor da Violência
Casos de repercussão

Entre os casos registrados no ano passado, 12 foram feminicídios. Ou seja, dois a mais que em 2021, quando 10 mulheres foram assassinadas no estado acreano.

Entre os casos está o de Renilde Souza dos Santos, de 51 anos, que morreu ao ser esfaqueada pelo companheiro em um ramal no km 75 da cidade de Brasiléia, no interior do Acre, em maio do ano passado. O suspeito foi preso ao dar entrada ferido no hospital da cidade.

Também no interior do Acre em maio, a bancária Tatiane Lima Nere, de 33 anos, foi morta pelo vigilante Kennedy Souza Fontenelle, 26, dentro da agência do Sicredi. Os dois trabalhavam na agência e tinham se relacionado. O crime aconteceu antes de os atendimentos começarem.


Kennedy Souza Fontenelle matou a ex-namorada Tatiane Lima Nery, na manhã desta segunda-feira (2) — Foto: Reprodução

No mesmo dia, a jovem Maria Samara Silva do Nascimento, de 19 anos, foi morta com facadas no pescoço e peito na zona rural de Feijó, também no interior do Acre. De acordo com a polícia, o suspeito é o ex-namorado da vítima, que não aceitava o fim do relacionamento.

Em junho do ano passado, a jovem Ingrid da Silva, de 19 anos, foi assassinada com tiro na cabeça na rua Padre José, no bairro Triângulo Novo, região do Segundo Distrito de Rio Branco. O principal suspeito é um ex-namorado dela.

Daniel Silva Barros foi denunciado por feminicídio, mas após a oitiva de testemunhas e interrogatório do réu, o Ministério Público acreditou na versão do acusado de que foi tiro acidental e ele não deve ir a júri popular.

Fonte: G1/AC