Priscila Paiva, de 30 anos, é a primeira mulher piloto da Segurança Pública do Acre e integra a equipe do Ciopaer. Ela é policial civil desde 2014 e fez o curso para pilotos em São Paulo entre junho e setembro do ano passado

Mulheres em profissões tradicionalmente desempenhadas por homens estão em diversas áreas. Isso não é mais uma novidade. E muitas das vezes elas ocupam cargos que envolvem muitos riscos e exigem coragem.

No Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta quarta-feira (8), a primeira piloto da Segurança Pública do Acre, Priscila Paiva, de 30 anos, fala dos desafios da profissão, de como surgiu o sonho de pilotar aeronaves e integrar a equipe do Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer).

Priscila é policial civil desde 2014 e teve o primeiro contato com a aviação em 2015, durante um estágio operacional da Polícia Civil. Dentre as matérias, uma chamou mais a atenção de Priscila: operações aéreas.

Interesse pela aviação

Durante um treinamento, Priscila teve uma experiência de rapel em um voo pairado. A experiência despertou o sonho de pilotar. Interessada na profissão, Priscila participou recrutamento feito pelo Ciopaer a partir do perfil e currículo profissional do candidato.

Selecionada, ela ficou de junho a setembro do ano passado em São Paulo em um curso para pilotos.

"Nesse momento foi a hora que tive muita vontade de fazer parte do agrupamento. Até então não havia mulheres e me parecia uma coisa quase que impossível, mas não foi. Comecei a trabalhar no meu viés profissional pensando nisso no futuro", relembrou.

Ao voltar para o estado acreano, a policial iniciou o Programa de Treinamento Operacional (PTO) do Ciopaer, onde são feitas instruções com o objetivo de capacitar os pilotos para as diversas missões que o grupamento realiza, como: patrulhamento aéreo, cumprimento de mandados de busca e prisão, busca e resgate, aeromédico, fiscalização ambiental, defesa civil, entre outro.


Policial civil fez curso de pilotos ano passado e agora faz parte da equipe do Ciopaer — Foto: Arquivo pessoal

O programa também adapta os pilotos à atmosfera da Amazônia, que é diferente da temperatura do local da formação inicial de pilotos. Ela explica que voar na Amazônia é bem mais difícil.

Priscila ainda precisa fazer mais um voo e estará aprovada para participar da escala de operações do Ciopaer. O grupo ajuda em diversos salvamentos e resgates em áreas de difíceis acesso onde carro, motocicleta e nem barco chega.

Nessa terça-feira (7), ela fez um voo de instrução, que durou cerca de 15 minutos, acompanhada de um comandante do Ciopaer e um operador aerotático.

Nesta profissão, a pilota não quer só voar, mas também guiar com um exemplo de coragem feminina. "Não sei se vou conseguir, mas tomara que sim e desejo todos os dias, dou o meu melhor para ser uma boa piloto e deixar um legado para o estado e às próximas que virão", destacou.


Priscila Paiva, de 30 anos, faz parte da equipe do Ciopaer do Acre — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

Desafios

Priscila diz que nunca se deixou amedrontar pelas críticas e dificuldades. Ela explica que os desafios técnicos são iguais aos dos outros pilotos no nível de formação e que esses são vencidos no dia a dia com apoio de colegas do agrupamento, da família e amigos.

E o sonho ainda não acabou. A policial deseja ser uma comandante de aeronave tão boa e capaz que qualquer outro piloto da área.

"Sempre ouvi muitos elogios pela coragem, dedicação e determinação de realizar esse sonho. Acreditei que seria capaz, me dediquei a isso. Não me sinto menor que nenhum homem em nenhum aspecto. Acho que essa força e apoio que a mulher dá a si mesma é o estímulo mais valioso. As mulheres precisam acreditar mais em si porque também somos capazes de tudo", aconselha.

Priscila incentiva outras mulheres que sonham em chegar onde ela chegou ou até mesmo ocupar outras profissionais de risco.

"As mulheres fazem exatamente as mesmas coisas que os homens. Temos todas as competências iguais e possíveis. Tal como eles, temos que estudar muito, treinar muito, se dedicar bastante. Não tem distinção, não somos diferentes em absolutamente nada. Se eu consegui, outras também conseguirão e estou aqui para recebê-las já", destacou.

Fonte: G1/AC