Policiais acompanharam o enterro do homem nesta segunda-feira (10) em Feijó, no interior do Acre. Família preferiu não comparecer após ameaças através das redes sociais

Deleon Gomes Carnaúba, de 37 anos, foi enterrado na cidade de Feijó, nesta segunda-feira (10), sem a presença da família, que temeu represálias da população. Ele é o suspeito de matar a facadas Maria das Graças Carneiro Araújo, de 57 anos, e o neto dela Enzo Gabriel Araújo, de 6 anos no último domingo (9), na zona rural do município. Logo após matar a criança, ele foi baleado e morto pela Polícia Militar (PM-AC) dentro de uma canoa no Rio Envira.

Ao g1, o delegado da Polícia Civil do Acre, Adan Ximenes, responsável pelo inquérito, disse que apesar de nenhum parente comparecer, as medidas administrativas do enterro foram realizadas.

Ximenes explica ainda que foram recebidas informações de que ameaças estavam sendo direcionadas à família, por meio das redes sociais, que diziam que caso o homem fosse enterrado no local, algo aconteceria com eles. "Provavelmente, por isso que a família não compareceu ao enterro. Não teve velório e o enterro foi acompanhado por uma equipe da Polícia Civil", afirma.

O delegado ainda explicou que a família não teria como enterrá-lo em outro local, e agentes da Polícia Civil foram verificar o enterro, já que era necessário enterrá-lo no cemitério da cidade e os familiares temiam represálias de facções criminosas.

Sobre a investigação dos crimes, Ximenes disse que os familiares das partes envolvidas e os policiais que atenderam a ocorrência serão ouvidos para chegar as conclusões. "Já determinei a intimação para serem ouvidos por esses dias", comenta.

O prazo para a conclusão do inquérito é de 60 dias por se tratar de um crime hediondo, mas o delegado assegura que irá buscar encerrar antes desse prazo, assim que a perícia dos corpos for liberada.


Enzo Gabriel foi usado como escudo pelo criminoso e acabou morrendo após ser esfaqueado — Foto: Arquivo da família

Crime

Maria das Graças e o neto Enzo foram assassinados na manhã do último domingo (9) no Projeto Envira, zona rural de Feijó, interior do Acre. O suspeito dos crimes, Deleon foi baleado e morto pela Polícia Militar (PM-AC) dentro de uma canoa no Rio Envira.

A PM-AC foi acionada por vizinhos do casal. Deleon era dependente químico e tinha passagem pela polícia por diversos crimes, de acordo com a polícia. Ao chegar na casa, a PM-AC encontrou Maria das Graças morta dentro da residência. Já o suspeito tinha fugido em direção ao rio com Enzo.

A polícia explicou que encontrou Deleon dentro da canoa usando a criança como escudo. Conforme os policiais, a equipe tentou negociar com o suspeito, da margem do rio, tentando convencê-lo a jogar a faca e liberar o menino.


Deleon Gomes foi morto pela polícia após assassinar a mulher, Maria Graça, na manhã de domingo (9) em Feijó — Foto: Arquivo pessoal

Ainda segundo a Polícia Militar, o suspeito estava bastante alterado, falava frases desconexas e pedia para os policiais atirarem. Após inúmeras tentativas de liberar a criança, o suspeito teria dado uma facada na vítima e, nesse momento, foi baleado pelos policiais.

A PM-AC afirmou que, mesmo ferido, o suspeito desferiu ainda mais dois golpes na criança. Os dois morreram antes da chegada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

Antes de ser morta a facadas, Maria das Graças Carneiro Araújo, de 57 anos, estava cuidando da mãe doente quando recebeu uma mensagem de Deleon, com quem se relacionava há pouco mais de um ano. No texto, ele disse que tinha alguém tentando matá-lo e pediu para a mulher voltar para casa.

Feminicídio

Este foi o segundo caso de feminicídio registrado no Acre nesse domingo (9). Em Rio Branco, parentes de Ketilly Soares de Souza, de 33 anos, encontraram ela sem vida no chão da sala na Rua Raimundo Saldanha, no Polo Benfica, região do bairro Vila Acre, Segundo Distrito da capital.


A vítima convivia com um homem, identificado como Simey Menezes Costa, que não foi encontrado no local, segundo o Centro de Operações Policiais Militares (Copom). Ainda não se sabe qual o grau de parentesco com a vítima.

Fonte: G1