Time dos brasileiros Savinho e Yan Couto é a sensação da La Liga e faz jogo-chave contra o Atlético de Madri

Quando o Girona assumiu a liderança da La Liga após a sétima rodada, a reação mais comum entre os espanhóis foi de enxergá-lo como um “cavalo paraguaio”. Natural, já que em quase todos os anos uma equipe menos tradicional inicia bem o campeonato, mas não consegue sustentar esta performance.

Nesta terça, o time encerra o primeiro turno diante do Atlético de Madri ainda na briga pela ponta da tabela — tem os mesmos 45 pontos que o líder Real Madrid — e já deixa uma pulga atrás da orelha dos céticos, que se perguntam: será que ele irá mesmo desafiar os gigantes?

A regularidade do Girona impressiona. Desde que assumiu a liderança pela primeira vez, sempre figurou entre os três primeiros da tabela. Os tradicionais Atlético e Barcelona já estão sete pontos atrás. O primeiro terá a oportunidade de diminuir a distância nesta terça. Mas o jogo será no Estádio Montilivi, casa da sensação do campeonato. Já o Barça foi atropelado no duelo de catalães: perdeu por 4 a 2 em pleno Camp Nou.

A grande força da equipe vem de seu sistema ofensivo. O Girona é dono do melhor ataque da competição. São 42 gols marcados. E isso mesmo não estando entre os maiores finalizadores do campeonato. É apenas o sexto time que mais chuta a gol, com 89 arremates. Ou seja: a cada pouco mais que duas finalizações, uma balança as redes adversárias.

Tamanha letalidade passa pela forma ofensiva de jogar da equipe, que conta com um homem-gol (o ucraniano Artem Dovbyk, com 11 marcados) e dois brasileiros perigosos pelas pontas: o atacante Savinho, de apenas 19 anos e revelado no Atlético-MG, e o lateral-direito Yan Couto, ex-Coritiba.

A dupla brasileira tem papel importante na equipe do técnico Míchel. Ambos são os garçons da equipe na La Liga, com cinco assistências cada. Savinho é ainda o terceiro maior goleador do time na temporada, com cinco marcados até aqui.

Atrás, o setor defensivo tem como referência o zagueiro Daley Blind, sete vezes campeão holandês pelo Ajax, campeão alemão pelo Bayern de Munique e da Liga Europa pelo Manchester United. Aos 33 anos, é presença constante nas convocações da seleção.

É importante frisar que o Girona é um azarão pela falta de tradição, não de dinheiro. Embora não seja rico como o trio Real, Barça e Atleti, o clube é membro do City Football Group, mesmo que é detentor do Manchester City. Yan Couto, por exemplo, atua emprestado pelos ingleses. Já Savinho pertence ao Troyes-FRA, também parte do CFG.

Além do privilégio de receber jogadores de outros clubes do grupo, o Girona ainda se beneficia da estrutura de scouting. O melhor exemplo é a descoberta de Dovbyk no futebol ucraniano.

O Girona só não conta mesmo é com tradição. E é o que basta para sua campanha seguir sendo vista com desconfiança. Por isso, o jogo desta terça pode ser um divisor de águas.


Fonte: O GLOBO