Aumento depende do volume de petróleo que for identificado durante perfuração de poços na Bacia Potiguar

Em meio à elaboração de seu novo plano de negócios, para os anos de 2024 a 2028, a Petrobras cogita aumentar os investimentos na Margem Equatorial, área considerada a nova fronteira exploratória de petróleo, entre o litoral dos estados do Amapá, onde está a bacia da Foz do Amazonas, e a Potiguar, no litoral do Rio Grande do Norte.

No atual plano de investimentos da Petrobras, a região tem destinados US$ 3 bilhões para perfurar 16 poços entre 2023 e 2027. Os recursos para a área representam metade de todo o orçamento de US$ 6 bilhões para a área de exploração, que é a primeira etapa para se desenvolver um campo de petróleo.

Em entrevista do GLOBO, o diretor de Exploração e Produção, Joelson Falcão Mendes, disse que a companhia pode elevar os recursos caso a campanha exploratória em Potiguar se mostre bem sucedida:

— Colocamos no nosso programa US$ 3 bilhões na Margem Equatorial, e isso será renovado para (o plano de) 2024-2028. Hoje, com as informações que temos, está igual. Ao ter uma descoberta importante, a gente olha para o cenário interno e externo, como o preço do petróleo. E, a partir da perfuração, a gente pode mudar o que está planejando.

Na semana passada, o Ibama aprovou a perfuração de dois poços em águas profundas em Potiguar, a 52 quilômetros da costa do Rio Grande do Norte. Além disso, a estatal aguarda decisão em relação ao recurso apresentado pela estatal para poder perfurar o poço Amapá Águas Profundas, na Bacia da Foz do Amazonas, a 160 km da costa e a 40 km da Guiana Francesa.

— É provável que comece em três a cinco semanas a perfuração em Potiguar. Como tivemos a licença negada no Amapá, trouxemos a sonda para o Sudeste, onde passa por limpeza.

Custo de US$ 500 mil

Ele explicou que o segundo poço em Potiguar pode ser perfurado após o primeiro ser concluído, com o deslocamento da sonda. Outra possibilidade, diz Mendes, é que, se em dois ou três meses o Ibama se manifestar sobre a Foz do Amazonas, a sonda de Potiguar seja deslocada para o Amapá, para a realização do teste de avaliação de prevenção de acidentes. Isso é essencial para a concessão da licença para perfurar o poço na região.

— Se o Ibama se manifestar em dois ou três meses, eu consigo planejar, pois não é só a sonda. São vários recursos que a gente precisa mobilizar. O custo diário é de cerca de US$ 500 mil levando em conta a sonda, as embarcações e demais equipamentos, como helicópteros.

No segundo pedido de reconsideração para a Foz do Amazonas, a Petrobras fez ajustes na rota das aeronaves, por conta de ruído, e incluiu a construção de uma base de tratamento de fauna em Oaipoque, no Amapá, além do aumento da quantidade de embarcações de apoio.

— São mais recursos como um todo — disse Mendes.

A estratégia da Petrobras, contudo, prevê atuação em toda a Margem Equatorial. Além de Potiguar e Foz do Amazonas, a estatal já fez pedidos ao Ibama para perfurar poços nas bacias de Pará-Maranhão e Barreirinhas.

— Pretendemos fazer poços em todas essas bacias. Cada um tem um pedido de licenciamento no Ibama. Temos já pedidos abertos para quatro bacias na Margem Equatorial. Na indústria do petróleo, a gente sempre busca novas fronteiras.

Segundo a Petrobras, há em análise no Ibama cinco pedidos para perfurar poços na Bacia da Foz do Amazonas, que foram feitos em setembro de 2020. Para Pará-Maranhão, há duas solicitações, iniciadas em agosto de 2022. No caso de Barreirinhas, são dois pedidos, feitos entre 2019 e 2022. E para Potiguar, também há duas solicitações, feitas de fevereiro a junho de 2020.

— É importante ter uma definição do Ibama. Precisamos de novas reservas para chegar em 2050 atendendo à demanda global de petróleo, de 55 mil a 60 mil barris por dia no mundo. Vamos produzir uma cota muito inferior ao que podemos produzir caso a gente não tenha sucesso.


Fonte: O GLOBO