Indicador, que havia recuado em julho, veio acima do previsto pelos analistas

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial do país, avançou 0,28% em agosto. O número representa uma aceleração em relação ao mês passado, quando registrou queda de 0,07%. As informações foram divulgadas pelo IBGE nesta sexta-feira.
  • No ano, o IPCA-15 acumula alta de 3,38%. Em 12 meses, de 4,24%
  • O número veio acima do esperado. Economistas esperavam alta de 0,17%, segundo mediana das projeções
  • As maiores contribuições positivas vieram dos grupos Habitação, Saúde e Educação
O principal impacto que puxou a inflação para o campo positivo em agosto foi o aumento da conta de energia elétrica residencial, que subiu 4,59%. O resultado marca o fim do “Bônus Itaipu”, desconto especial aplicado na conta de luz dos consumidores no mês passado. Além disso, houve reajustes de energia em três capitais pesquisadas pelo IBGE: Curitiba (9,68%), Porto Alegre (5,44%) e São Paulo (4,21%).

No IPCA-15 de julho, o custo da energia elétrica chegou a cair 3,45% por conta do crédito. O bônus ocorreu por conta do saldo positivo na Conta Comercialização da Energia Elétrica de Itaipu, a hidrelétrica binacional. Em 2022, o saldo foi de R$ 405,4 milhões.

Com o resultado, o grupo Habitação subiu 1,08% no mês. Outros seis dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em agosto.

Veja a variação dos grupos do IPCA-15 em agosto
  • Alimentação e bebidas: -0,65%
  • Habitação: 1,08%
  • Artigos de residência: 0,01%
  • Vestuário: -0,03%
  • Transportes: 0,23%
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,81%
  • Despesas pessoais: 0,60%
  • Educação: 0,71%
  • Comunicação: 0,04%
O grupo Saúde e cuidados pessoais registrou alta de 0,81%, puxado pelos itens de higiene pessoal, que voltaram a subir em agosto. Os produtos para pele (8,57%) e dos perfumes (2,94%) ficaram mais caros este mês, após quedas de 4,32% e 1,90% em julho, respectivamente.

Já o grupo Educação subiu 0,71%. A alta foi puxada tanto pelo aumento nos preços dos cursos regulares, como creche e ensino superior, quanto pelos cursos diversos, como cursos preparatórios e cursos de idiomas.

Alimentação no domicílio em queda

Também registraram variação positiva em agosto s grupos Despesas Pessoais (0,60%), Transportes (0,23%), Comunicação (0,04%) e Artigos de residência (0,01%).

Já o grupo Alimentação e bebidas recuou 0,65%, puxado pela retração nos preços dos alimentos consumidos no domicílio, que já havia caído nos dois últimos meses. Ficaram mais baratos a batata-inglesa, o tomate, frango em pedaços, leite longa vida e as carnes. No lado das altas, as frutas subiram de preço.

Perspectivas

Apesar da prévia da inflação ter registrado alta, o cenário para este ano é de desaceleração dos preços, em relação ao ano passado. Em 2022, o IPCA fechou em 5,79. Este ano, analistas esperam que o indicador encerre o ano próximo de 4,9%, ante mediana de 4,84%, segundo os últimos dados do Boletim Focus do Banco Central, que reúne projeções do mercado, divulgado na segunda-feira.

O que deve acabar pesando mais do que o esperado é a gasolina. O reajuste do combustível pela Petrobras, junto com o diesel, deve pressionar a inflação e fazê-la terminar um pouco acima do teto. O centro da meta de inflação para 2023 é de 3,25%, com 1,5 ponto percentual de intervalo de tolerância para cima e para baixo.


Fonte: O GLOBO