Empresário é réu em nove ações penais, das quais três já tiveram audiências. Quarto caso de hoje trata de acusação por estupro, feita por mulher que relatou ter sido obrigada a fazer sexo sem preservativo

O empresário Thiago Brennand participa nesta sexta-feira, a partir das 13h30, do segundo dia seguido de audiências com a Justiça. Desta vez, Brennand acompanhará por videoconferência o início de um julgamento por estupro, na 2ª Vara de Porto Feliz (SP), no interior de São Paulo.

Nessa quinta-feira, o empresário ouviu por quase seis horas acusações em outro processo, o que trata das agressões a uma modelo em uma academia de luxo na capital paulista.

Réu em nove ações penais, sob acusações de diversos crimes contra mulheres, Brennand está preso desde abril no Centro de Detenção Provisória 1 de Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo. Entenda abaixo cada um dos processos em que ele já começou a ser julgado.

1. Estupro

O processo em fase mais avançada contra o empresário trata de acusações feitas por uma modelo americana que namorou Brennand em 2021. A mulher relatou que o relacionamento durou três meses. “Começamos a sair e ele começou a me ofender, chamar de puta, (a dizer) que eu não era de confiança, enfim, me ofendeu muitas vezes com coisas bem pesadas. Ele me ameaçava com arma, se ele me matasse ninguém saberia”, relatou em depoimento ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP).

De acordo com a modelo, Brennand a obrigou a fazer sexo anal contra sua vontade e a proibiu de sair de sua casa. "Não queria fazer sexo anal, mas ele me forçou. Ele segurou minha mão e machucou meu ânus. Eu fiquei sangrando por duas semanas, os empregados trocavam a roupa de cama todos os dias por causa disso".

Brennand foi denunciado em setembro do ano passado e se tornou réu em 4 de novembro, quando também teve pedido de prisão preventiva decretado nesse caso. As audiências foram realizadas nos dias 30 de maio e 21 de junho, na Vara de Porto Feliz. O processo está em fase de diligências e alegações finais. Concluída essa etapa, o juiz do caso, Fernando Henrique Masseroni Mayer, fica com caminho livre para proferir uma sentença.

2. Sequestro e cárcere privado

A segunda ação penal contra Brennand a ter audiências realizadas é a de uma ex-namorada que o acusa de tê-la forçado a tatuar as iniciais de seu nome na costela, além de ter cometido crimes de sequestro e cárcere privado. O caso foi revelado pelo “Fantástico”, da TV Globo.

A mulher contou que, no período em que ficou hospedada na casa de Brennand no condomínio de luxo Fazenda Boa Vista, foi obrigada a fazer uma tatuagem com as letras TFV, iniciais de Thiago Fernandes Vieira. O suposto crime ocorreu em agosto de 2021.

Em uma manifestação à Justiça, os advogados de Brennand disseram que a tatuagem foi feita com o consentimento dela. Escreveram que “é impossível que a mulher tenha sido tatuada à força, pois conforme se vê nas fotos contidas na própria denúncia, não há qualquer erro, borrão, ou desvio no desenho da tatuagem. Se a mulher estivesse à força efetuando a tatuagem, teria se mexido, efetuado força, o que desenvolveria alguma imprecisão na tatuagem”.

A vítima disse ainda que sofreu agressões e teve um vídeo íntimo divulgado sem sua autorização. A investigação sobre o caso chegou a ser arquivada, mas foi reaberta em 9 de setembro do ano passado, dias após o “Fantástico” exibir reportagem com o relato da mulher. A delegada que havia recomendado o arquivamento do caso, Nuris Pegoretti, é investigada por possível crime de corrupção durante a condução do inquérito.

Esse processo já teve duas audiências conduzidas pelo juiz Jorge Panserini, nos dias 3 e 17 deste mês. Uma terceira audiência está marcada para o dia 31.

3. Agressão e corrupção de menores

A agressão à modelo Alliny Helena Gomes, ocorrida em agosto do ano passado, foi o caso que deu início à onda de denúncias contra Brennand. Nesse processo, o empresário é acusado de ter praticado crimes de lesão corporal por misoginia e corrupção de menores. As penas somadas podem chegar a oito anos de prisão, sem considerar eventuais agravantes ou atenuantes.

De acordo com o Ministério Público, Brennand havia conhecido Helena na mesma academia onde meses depois viria a agredir a modelo — o momento da agressão foi filmado pelas câmeras de monitoramento do local. O empresário passou a ofender a mulher depois que ela recusou um convite para sair. Em mensagem enviada na madrugada de 24 de maio do ano passado, Brennand chamou a modelo de “alpinistazinha social” e disse que, por isso, a “tratou como lixo”. Alguns minutos depois, a modelo o bloqueou no WhatsApp.

Além de responder por lesão corporal nesse caso, o empresário também é acusado de cometer crime de corrupção de menores por ter induzido o filho, de 17 anos, a “praticar atos infracionais de injúria e ameaça”, segundo o MP-SP. O adolescente estava acompanhando o pai no momento da agressão à modelo na academia. Dois dias depois, em 5 de agosto, o jovem enviou uma mensagem à mulher na qual a chama de “maloqueira” e “fodida na vida”.

A primeira audiência deste processo foi realizada nessa quinta-feira, por videoconferência. Além da modelo, duas testemunhas da acusação foram ouvidas pelo juiz Henrique Vergueiro Loureiro, da 6ª Vara Criminal da Barra Funda. Uma nova audiência será realizada às 9h do dia 1° de setembro.

4. Estupro

A audiência desta sexta-feira trata de acusações feitas por uma mulher que disse ter sido obrigada a fazer sexo sem uso de preservativo contra sua vontade quando esteve na fazenda de Brennand em Porto Feliz.

A mulher declarou que foi convidada pelo empresário para fazer uma massagem no dia 31 de março do ano passado. Esperava fazer o serviço na capital paulista, mas Brennand pediu para que ela fosse à sua casa no interior. Foi acompanhada por uma amiga e chegou ao local já tarde da noite, após as 23h.

A mulher relatou que Brennand mostrou a elas sua coleção de armas antes de levá-las ao quarto. “Isso me questionar se ele fez isso por puro ego ou para causar algum tipo de intimidação nas vítimas, já que sua intenção era violentar”, declarou a mulher em depoimento encaminhado ao MP-SP.

Segundo a vítima, Brennand mandou sua colega sair do quarto e, dirigindo-se a ela, pediu para fazer sexo sem camisinha, o que ela recusou. “Ele começou a falar de forma super rude, e seu quarto estava cheio de armas expostas. Ele pediu para que eu deitasse na frente dele, e pediu para eu não ter medo! A essa altura, eu já estava com muito medo. 

Eu estava distante de tudo, ninguém sabia que eu estava ali, só tinha funcionários de anos, aparentemente de confiança dele. Não dava para correr, nem gritar, não dava para fazer nada! Então nesse momento ele abusou de mim. Fez exatamente o que eu não queria, sem meu consentimento, mesmo eu tendo falado que não queria!”, declarou.

A audiência desta sexta-feira será presidida pelo juiz Israel Salu, da 2ª Vara de Porto Feliz.

Além desses quatro processos, ainda aguardam o início do julgamento outras cinco ações penais contra o empresário. Em Porto Feliz, há mais um processo por calúnia, injúria e difamação; outro por ameaça; e outro por lesão corporal. Em São Paulo, há duas ações penais por estupro.


Fonte: O GLOBO