Advogado afirma que sargento que disparou contra capitão era sistematicamente perseguido dentro da corporação

Preso por matar a tiros dois colegas de corporação, o sargento Cláudio Henrique Frare Gouveia seria vítima de 'perseguição' dentro do 50º Batalhão de Polícia Militar do Interior do estado de São Paulo, segundo afirma seu advogado Rogério Augusto Dini Duarte. 

De acordo com o relato da defesa, sua mulher, também policial militar, seria igualmente alvo do mesmo tipo de assédio. Foi ao escutar uma menção ao nome dela vindo da sala em que estava seu superior, o capitão Josias Justi da Conceição Junior, que Gouveia tomou a decisão de cometer o crime na manhã de segunda-feira, explica o advogado:

— Ele escuta o nome dela e pensa: 'Vão falar da minha esposa'. Ele fica cego de raiva e não consegue mais visualizar nada. Ele pega o fuzil, vai nessa sala e fecha a porta — diz Dini Duarte, ressaltando que o duplo homicídio teria se dado em um momento de 'ira' do sargento.

O advogado afirma ainda que o crime não foi premeditado. Após os disparos, Gouveia se entregou e foi preso por um de seus colegas. Além do capitão Josias Justi, o sargento Roberto da Silva também foi morto. Os dois chegaram a ser socorridos, mas não resistiram aos ferimentos.

Segundo Dini Duarte, o sargento Gouveia e sua mulher seriam vítimas de 'perseguição' dentro da Polícia Militar desde a pandemia. Um dos últimos atritos envolvendo eles e a corporação teria se dado em função de conflitos na escala de trabalho, montada pelo capitão Josias Justi.

A principal dificuldade se daria pelo casal ter um filho recém-nascido e com a escala proposta não teriam com quem deixar a criança. Posteriormente, no entanto, a questão teria sido resolvida, segundo o advogado.

— Esse foi um dos fatores. Há ainda outras situações que vem desde a época da pandemia — completa Dini Duarte, ressaltando que a "perseguição" não seria feita apenas pelo capitão morto.

Questionada sobre a suposta perseguição, a Secretária de Segurança Pública de São Paulo respondeu, em nota: "A Polícia Militar é compromissada com a integridade e respeito de todo o seu efetivo durante o exercício da função. Diante dessa situação, a PM informa que a Corregedoria acompanha as apurações do caso e todas as providências estão sendo tomadas pela Polícia Judiciária Militar".

A Corregedoria e a Polícia Militar foram procuradas, mas não se manifestaram até o momento. O espaço segue aberto.

A Prefeitura de Salto decretou luto oficial de três dias por conta do episódio. Em mensagem publicada nas redes sociais, o prefeito Laerte Sonsin Junior (PL) manifestou condolências aos familiares e disse que era amigo do capitão Josias.


Fonte: O GLOBO