Nomeados pelo governo nesta segunda-feira (13) assumem cargos de secretários e presidentes afastados pela Justiça durante 3ª fase da Operação Ptolomeu, deflagrada no último dia 9

Após a Justiça afastar gestores do alto escalão do governo do Acre investigados na 3ª fase da Operação Ptolomeu, que investiga corrupção e lavagem de dinheiro na gestão, o governo divulgou nesta segunda-feira (13) o nome de cinco pessoas que vão substituir os investigados por 90 dias. A lista foi publicada no Diário Oficial do Acre (DOE).

Veja as pastas que tiveram novos gestores nomeados e quem assumia antes:

  • Secretaria de Estado de Obras Públicas (Seop) - Cirleudo Alencar de Lima afastado do cargo de secretário
  • Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz) - secretário Rômulo Grandidier foi proibido pela Justiça de ter contato com outros investigados e de frequentar repartições públicas
  • Secretaria de Estado de Relações Federativas (Serf) - Ricardo Augusto França da Silva afastado do cargo de secretário
  • Departamento de Estradas de Rodagem, Infraestrutura Hidroviária e Aeroportuária do Acre (Deracre) - Petrônio Aparecido Chaves Antunes afastado do cargo de presidente
  • Casa Militar - Carlos Augusto da Silva Negreiros afastado do cargo de chefe

Na quinta-feira (9), equipes da PF fizeram buscas em gabinetes da Casa Civil, Secretaria de Fazenda do estado, Secretaria de Estado de Obras Públicas (Seop), Secretaria de Estado da Saúde (Sesacre), Departamento de Estradas de Rodagens do Acre (Deracre), Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) e Tribunal de Contas do Acre (TCE-AC).

Nesta nova fase, o objetivo era bloquear bens para, no futuro, ressarcir os cofres públicos.

Em Manaus, policiais federais apreenderam joias e relógios na casa do irmão do governador Gladson Cameli, Eládio Júnior. Um representante da família disse que o corpo jurídico ainda não teve acesso ao processo, portanto, dispõe apenas das informações divulgadas pela PF.

Veja quem são os nomeados

Seop


Glauber Ueke foi nomeado secretário de Obras Públicas — Foto: Jean Lopes/Seop

Glauber Ueyke Montenegro Mappes, era diretor de administração e finanças da Secretaria de Obras Públicas (Seop) e agora passa a responder como secretário. Ele é formado em ciências econômicas pela Universidade de Fortaleza (Unifor) e com MBA em gestão empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Atuou na Companhia Energética do Ceará (Coelce) e foi servidor do Banco do Brasil.

Chefiou a 1° Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran) no Departamento de Trânsito (Detran) em Cruzeiro do Sul. Estava à frente da direção administrativa e financeira da Seop desde 2021.

Sefaz


Amarísio Freitas assume a Secretaria de Fazenda do Estado — Foto: Asscom/Sefaz

A Secretaria de Fazenda do Acre (Sefaz) é administrada agora pelo secretário adjunto do Tesouro, José Amarísio Freitas de Souza. Ele é natural de Cruzeiro do Sul, formado em contabilidade e especialista em gestão empresarial, auditoria e perícia contábil, possui MBA em gestão pública com ênfase em controle externo e é também auditor de controle externo do Tribunal de Contas do Estado (TCE-AC) de carreira.

Também atuou como analista no Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), como professor acadêmico e de pós-graduação e foi secretário adjunto do Tesouro Estadual duas vezes. Entre 2021 e 2022, foi titular da Sefaz de novembro de 2021 a dezembro de 2022.

Deracre


Sócrates José Guimarães foi nomeado presidente do Deracre — Foto: Asscom/Deracre

O diretor de Portos e Aeroportos, Sócrates José Guimarães, foi nomeado como presidente do Deracre. Segundo o governo, ele tem perfil técnico e experiência com os aeródromos do Acre que podem operar no período matutino e noturno: Marechal Thaumaturgo, Porto Walter, Feijó e Xapuri.

Serf


Rosângela Bardales passa a representar o governo em Brasília — Foto: Elomar Chaves/Arquivo pessoal

Rosângela Bardales da Cruz, que antes respondia como diretora de administração e finanças da Secretaria de Relações Federativas, passa a representar o governo como secretária em Brasília.

Rosângela é servidora do governo desde 2006, formada em Matemática pela Universidade Federal do Acre (Ufac), possui mestrado em gestão estratégica de organizações no Centro de Educação Superior Brasília (Iesb), pós-graduação em perícia judicial na Universidade Católica de Goiás; em gestão de pessoas nas organizações pela Faculdade Barão do Rio Branco e em gestão pública com ênfase em controle externo pela Faculdade Internacional de Curitiba.

Está na Serf desde 2020.

Casa Militar


José Messias responde cumulativamente como chefe do gabinete do governador e da Casa Militar — Foto: Diego Guergel/Secom

José Rosemar Andrade de Messias é chefe do gabinete pessoal do governador Gladson Cameli e agora responde também como chefe da Casa Militar.

O militar é formado em direito e geografia pela Ufac, bacharel em segurança pública pela Academia de Polícia Militar de Pernambuco, especialista em processo civil, especialista em segurança pública pela Polícia Militar da Paraíba. Atuou como professor, foi também comandante da PM de Sena Madureira, comandante do Quarto Batalhão, diretor de ensino da Polícia Militar e subchefe da Casa Militar.

Operação Ptolomeu

A operação contra corrupção e lavagem de dinheiro na cúpula do governo do Acre, intitulada "Ptolomeu", chegou à sua terceira fase nesta quinta-feira (9), com o cumprimento de 89 mandados de busca e apreensão em seis estados e no Distrito Federal.

A ação foi iniciada em 2021 e investiga, entre outros, o governador do Acre, Gladson Cameli (PP). A terceira fase da operação foi deflagrada a partir de investigações da Polícia Federal, da Procuradoria-Geral da República, da Receita Federal e da Controladoria-Geral da União.

Carros de luxo, moto aquática e dinheiro foram apreendidos durante operação da PF — Foto: Reprodução

O STJ determinou o bloqueio de R$ 120 milhões em bens dos investigados, incluindo valores em contas bancárias, aeronaves, casas e apartamentos de luxo. Segundo a PF, o cumprimento dos mandados envolve mais de 300 policiais federais nesta quinta.

Sobre a presença da PF na sede do TCE-AC, a Corte de Contas informou, em nota, que se tratou de um "mandado específico direcionado a servidor efetivo deste tribunal", ocupante do cargo de auditor de controle externo e que "à época dos fatos investigados encontrava-se cedido ao governo estadual."


No Acre, equipes da PF fizeram buscas em gabinetes da Casa Civil, Secretaria de Fazenda do estado e outros órgãos — Foto: Arquivo

Carros de luxo, moto aquática, aeronave, bolsas de grife, dinheiro, joias e relógios estão entre os itens apreendidos pela Polícia Federal. Imagens divulgadas pela PF mostram um agente recolhendo um celular que foi jogado em cima do telhado da casa de um dos investigados.

Após a operação, o governador Gladson Cameli publicou uma nota nas redes sociais a respeito das investigações. "Essa é mais uma etapa da operação de mesmo nome. Com o andamento do processo, o governador confia que tudo será apurado e esclarecido. Mais uma vez, o governador se coloca à disposição das autoridades, colaborando com mais essa etapa das investigações. O governador reafirma o seu apoio e confiança na Justiça, para que a verdade sempre prevaleça", diz a nota.

Também em nota, os advogados Ticiano Figueiredo, Pedro Ivo Velloso, Tarcísio Vieira de Carvalho Neto e Telson Ferreira disseram ver com "surpresa" a terceira fase do inquérito iniciado há dois anos.

Operação anterior

Em dezembro de 2021, Cameli já tinha sido alvo da primeira fase da operação. O político se elegeu governador do Acre em 2018 e foi reeleito para um segundo mandato no ano passado. Na época, 41 mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão foram deflagrados. O Superior Tribunal de Justiça (STJ), que autorizou a operação, determinou o afastamento das funções públicas dos envolvidos.

De acordo com a PF, na operação da época, foram apreendidos, no total:

Seis veículos, estimados em R$ 1,7 milhão;
R$ 600 mil em espécie, entre dólares, euros e reais;
33 relógios e 10 joias de alto valor, totalizando mais de R$ 1 milhão, aproximadamente;
R$139 mil reais em celulares apreendidos.

Também em 2021, Gladson Cameli afirmou que tinha a consciência "tranquila" e que a polícia estava cumprindo seu papel de apurar denúncias.

"Quem não deve, não teme. Não devo, não temo e quero que fique até o final, se tiver coisa errada vai para a rua [o servidor] e tem que prestar contas à sociedade, porque é dinheiro público", disse à época.

Já na segunda fase, deflagrada ainda em dezembro de 2021, a PF disse que foi detectado que servidores públicos estavam obstruindo a investigação. Um vídeo, que a Rede Amazônica teve acesso com exclusividade, mostrava as investigadas ocultando celulares durante a deflagração da 1ª fase da ação.

Fonte: G1/AC