Presidente afirmou que propostas devem ser do governo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu a reunião ministerial, realizada nesta terça-feira no Palácio do Planalto, com um bronca nos titulares das pastas por apresentarem propostas sem o aval da Casa Civil. O encontro, com foco nas ações voltadas aos 100 dias de governo, teve a participação de 19 ministros.

— Todo e qualquer posição, qualquer genialidade que alguém possa ter, é importante que antes de anunciar faça uma reunião com a Casa Civil. Para que a Casa Civil discuta com a Presidência da República e que a gente possa chamar o autor da genialidade e a gente então anuncie publicamente como se fosse uma coisa do governo — disse Lula.

A fala aconteceu na primeira parte da reunião, que teve transmissão pela TV Brasil. O presidente afirmou que, em seguida, com o encontro fechado, citaria casos que "já aconteceram e não podem se repetir".

No último domingo, o ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França, disse, em entrevista ao Correio Brasiliense, que lançaria um programa de venda de passagens aéreas a R$ 200 para aposentados, servidores públicos e estudantes. Ele admitiu na entrevista que ainda dependia da concordância do governo para implantar o programa.

Em janeiro, no início da gestão, o ministro da Previdência, Carlos Lupi, falou em revisar a reforma da Previdência. Dias depois, foi desautorizado pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, que disse não haver "nenhuma proposta sendo analisada ou pensada" nesse sentido.

Também no início do governo, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, anunciou, em entrevista ao GLOBO, que acabaria com o saque aniversário do FGTS. Em seguida, o ministro disse que a proposta estava em discussão.

Lula acrescentou que a diretriz de consultar a Casa Civil antes dos anúncios é importante para manter a "unidade e a coesão" do governo.

— Nós não queremos propostas de governo, todas as propostas de ministros deverão ser transformadas em propostas de governo.

O presidente ainda disse aos ministros:

— Não prometa o que não pode cumprir.

Lula acrescentou que o viés de acerto do governo deve ser "acima dos 80%".

— Não pode correr risco de anunciar coisa que não vai acontecer.


Fonte: O GLOBO