Lideranças políticas e militares dos dois lados se reuniram neste final de semana no Egito com o objetivo de acalmar a escalada de violência na região

Um israelense ficou gravemente ferido por um tiro em Huwara, uma localidade palestina no norte da Cisjordânia, no momento em que ocorrem negociações entre israelenses e palestinos no Egito. O objetivo do encontro é acalmar as tensões na região, que já causaram centenas de mortes este ano.

Reunidos no balneário de Charm el-Sheikh, no Egito, líderes políticos e militares israelenses, palestinos, americanos, egípcios e jordanianos ratificaram seus compromissos em Aqaba, na Jordânia, onde já haviam se encontrado em janeiro.

O governo de Israel e a Autoridade Palestina reiteraram que querem "parar as medidas unilaterais" por um período de três a seis meses, segundo um comunicado divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores do Egito.

Tais medidas, denunciadas pela comunidade internacional, estão relacionadas à expansão da colonização judaica na Cisjordânia, que a ONU considera ilegal sob a ótica do direito internacional. Mais de 475 mil israelenses residem em assentamentos na região, onde vivem 2,8 milhões de palestinos.

De acordo com o comunicado, Israel se compromete a "parar de abordar a questão da instalação de novas unidades de colonização por quatro meses e não legalizar comunas" por seis meses. Uma nova reunião será realizada em abril no Egito, segundo a diplomacia do país.

Uma autoridade israelense acrescentou ainda, sob condição de anonimato, que é necessário estabelecer "um diálogo" para chegar a "eventuais acordos sobre as medidas unilaterais".

Em Huwara, um civil ficou gravemente ferido neste domingo, informou o Magen David Adom, o equivalente israelense da Cruz Vermelha, à AFP. Em comunicado, o Exército do país disse que "um terrorista abriu fogo contra um veículo israelense, atingindo um dos dois civis" no carro, antes de ser atingido por tiros de soldados e capturado.

Sem reivindicar a autoria do ataque, o Hamas e a Jihad Islâmica o descreveram em declarações separadas como uma "resposta normal aos crimes da ocupação israelense". Os dois grupos palestinos expressaram sua oposição às negociações de domingo, que buscam apaziguar os confrontos a poucos dias do início do Ramadã.

O conflito entre israelenses e palestinos vive uma nova espiral de violência desde o início do ano, especialmente na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967 e reivindicado pelos palestinos. A administração da área é dividida conforme os Acordos de Oslo, mas na prática a Autoridade Palestina governa apenas as cidades, onde também há operações militares israelenses.


Fonte: O GLOBO