A Americanas vai apresentar nesta segunda-feira seu plano de recuperação judicial. A rede varejista tem dívidas de R$ 42,482 bilhões e 9.462 credores.

A Americanas entrou em recuperação judicial há dois meses após o então presidente Sergio Rial ter revelado "inconsitências contábeis" de R$ 20 bilhões nas contas da varejista.

Nesse tempo, a companhia afastou seus principais diretores, foi alvo de brigas judiciais com bancos e nomeou um novo presidente. Além disso, os acionistas de referência Marcel Telles, Beto Sicupira e Jorge Paulo Lemann, que são sócios da 3G Capital, viraram até alvo de uma CPI no Congresso.

Agora, a companhia tenta iniciar uma nova frase de uma maior crise financeira. Segundo fontes, o plano inclui um aporte a ser dados pelos acionistas de referência, a conversão de dívidas em ações e a recompra de parte da dívida.

No início deste mês, a Americanas informou que seus acionistas de referência ofereceram aporte de R$ 10 bilhões, valor que já considera um financiamento de R$ 2 bilhões.

Segundo uma fonte que não quis se identificar, os bancos vêm pedindo ao menos R$ 15 bilhões em aporte direto na varejista para sanar os problemas financeiros por parte dos acionistas de referência.

Essa fonte explicou que o plano da varejista envolve a recompra de um total de R$ 12 bilhões em dívidas - valor que será descontado (e na prática esses R$ 12 bilhões terão uma valor menor) e assim poderão ser pagos com parte do valor do aporte dos acionistas.

A Americanas propôs também aos credores a conversão do restante da dívida financeira, no valor de R$ 18 bilhões. Parte desse valor seria convertido em capital e parte em dívida subordinada (chamada de equity-like, quando o pagamento vai para o final da fila).

A empresa apresenta hoje a proposta porque era a data limite para apresentar o plano para a Justiça, afirmaram fontes do setor.

Nesse período, a varejista contratou a Boston Consulting Group para reavaliar sua nova estratégia e traçar quais ativos devem ser vendidos. Banco como Bradesco, Itaú, Safra , BTG e Santander vêm travando uma disputa com a varejista nas justiça do Rio, São Paulo e Brasília, onde há ações no Supremo Tribunal Federal (STF) e Superior Tribunal de Justiça (STJ).

A empresa também conseguiu o aval da Justiça para pagar de forma antecipada 1.300 credores trabalhistas e pequenas e médias empresas no valor de R$ 192,4 milhões.


Fonte: O GLOBO