Artigo descrevendo a passiflora acreana foi divulgado no último dia 12. Essa é uma das 22 espécies de maracujá descobertas no últimos 11 anos

Uma nova espécie de maracujá foi descoberta durante expedições na Área de Proteção Ambiental do Lago do Amapá, em Rio Branco, e o artigo descrevendo essa nova espécie, a Passiflora acreana, foi publicado na revista científica Phytotaxa, no último dia 12.

O botânico Marcos Silveira, da Universidade Federal do Acre (Ufac), que também assina o artigo junto com Ana Carolina Mezzonato, da Universidade Federal de Juiz de Fora, e Mayk Honório De Oliveira, explica que a descoberta se deu durante um projeto de iniciação científica conduzidos por alunos do Laboratório de Botânica e Ecologia Vegetal da Ufac, que ele coordena desde 2018.

“Na Apa do Amapá entre 482 espécies, 30 não constavam na lista de espécies e flora do Acre. Trabalhamos com a flora desde 92, do ponto de vista sistemático mesmo. A gente conseguiu, desde 2018 a 2022, catalogar 30 plantas que ainda não eram conhecidas no estado e, além disso, cinco espécies não eram conhecidas na flora do Brasil”, destaca.

Espécie nova

Segundo o pesquisador é possível encontrar duas espécies novas de maracujá por ano no Brasil .

“A Passiflora acreana foi uma das 22 espécies de maracujá descobertas em terras brasileiras nos últimos 11 anos, então isso dá uma média de duas espécies novas de maracujá por ano. A descoberta dessa nova espécie no Acre eleva para 163 o número de espécies do gênero encontradas no Brasil e pra 29 o número de espécies registradas no Acre, então a gente tem quase 30 espécies de maracujá”, destaca.

Ele destaca ainda as características dessa nova espécie e ressalta que, mesmo tendo sido descoberta recentemente, já é considerada como sendo em área de risco.

“Quanto ao estado de conservação dela, considerando que tanto a área de ocorrência como de ocupação são quase que exclusivamente restritas à Apa, essa espécie nova na ciência surge na condição de criticamente em perigo porque ela só é conhecida na Apa, que é uma área sujeita a várias situações de perturbações.

Ela conserva, cumpre o seu papel, porque a espécie tá lá conservada, mas, pelo fato da espécies ser encontrada em uma área restrita, ela nasce, conforme critérios de conservação, como criticamente em perigo”, esclarece.

Com relação à descoberta, o biólogo destaca que isso acaba sendo um estímulo para a ampliação e estudos sistemáticos feitos no estado.

“O que a gente está fazendo com a família do maracujá certamente favorece uma parceria salutar com a especialista da universidade do sudeste do Brasil, que colaborou conosco na descrição, ela é a primeira autora do artigo, que, inclusive, tem recurso aprovado para uma bolsa para passar um tempo no Acre estudando o grupo como parte do seu pós-doutorado, então a novidade traz outras novidades a reboque.”

Nova espécie de maracujá foi encontrada na Apa do Amapá, em Rio Branco, e foi descrita — Foto: Marcos Silveira

Detalhes

A taxonomistas Ana Carolina Mezzonato foi a responsável pela descrição da nova espécie, que basicamente, é:

“A gente verificou que essa espécie é muito similar a quatro outras plantas que ocorrem no Brasil, mas não no Acre. Ela tem uma característica bem distintiva e interessante que são as flores, que tem uma tonalidade que varia do branco ao lilás.

Os frutos são amarelados quando maduros e o que distingue ela das outras três espécies é o fato de ela possuir uma corona, que é aquela parte central da flor do maracujá toda peluda, aquela região tem 10 séries de filamentos de tonalidades lilás, com uma faixa branca que pode estar presente ou não, e terminando com uma porção lilás no restante da estrutura. É bem bonito”, destaca Silveira.

Além disso, a espécie tem uma estípula - estruturas laminares presentes na base das folhas - em formato de rim e o pecíolo, que é uma estrutura que conecta a folha no ramo, tem oito glândulas, tipo um pezinho e côncavo na parte interior.

Fonte: G1/AC