O ministro do Turismo brasileiro, Celso Sabino, no encontro do grupo de trabalho de Turismo do G20, em Belém, no Pará. — Foto: Raimundo Paccó
Ele defendia que o Plano Nacional do Turismo, lançado em agosto, mirasse em 10 milhões até 2027. “Fui vencido, mas ficou em 8,1 milhões”, diz. O ministro afirma que, após uma lacuna de anos na produção de dados sobre o setor, o governo está voltando a poder planejar metas e estratégias para avançar no turismo. Ele aposta em resorts-cassinos e numa alta com ecoturismo e sustentabilidade.
Quais as metas traçadas para o turismo no Brasil?
No plano nacional do Turismo, em que a gente define metas, ações, tarefas e atividades do setor público, do setor privado e do mercado de turismo, e também o que precisamos fazer para alcançá-las, tudo passando pelo Conselho Nacional de Turismo, fui vencido porque eu queria a meta de 10 milhões de turistas estrangeiros até 2027. Mas ficou em 8,1 milhões. O Brasil tem um potencial imenso. E precisamos superar um gargalo que é o peso muito grande dado a matérias relativas a eventos que comprometem pontualmente a segurança pública.
Como obter esse avanço?
Segundo a Organização Mundial do Turismo, as pessoas viajam num raio de 500 km de onde vivem. O México é um país que recebe muitos turistas estrangeiros. É vizinho de um dos maiores mercados do mundo, os EUA. No Brasil, somos o maior cliente da Argentina, do Paraguai e do Uruguai. Eles também são clientes nossos. O principal é a Argentina.
E o fato de os nossos vizinhos ainda não possuírem um grau de desenvolvimento de países como os EUA, nos força a buscar inovações para tentar trazer visitantes apesar da distância, da dificuldade logística. E o Brasil tem investido na promoção internacional em mercados distantes, sem abandonar os nossos tradicionais. A Fitur, maior feira de turismo argentina, terá o Brasil como homenageado, fruto da nossa articulação junto aos organizadores.
E o que isso vem trazendo?
Estamos atuando de forma mais organizada e eficiente em mercados mais distantes, como Reino Unido, Portugal e Oriente Médio. Acreditamos que este ano vamos superar a marca histórica de 2018, que foi de 6,8 milhões de turistas de fora do Brasil, e alcançar sete milhões de visitantes estrangeiros. Devemos chegar perto de 115 milhões de passagens emitidas para voos dentro do país.
Tivemos números recordes de brasileiros viajando dentro do Brasil em 2023 e de gastos desses viajantes, além do recorde de R$ 34 bilhões gastos por visitantes estrangeiros. E tudo indica que este ano vamos superar essas marcas. De janeiro a agosto de 2024 são 4,45 milhões de estrangeiros, mais de 10% acima do registrado em igual período de 2023.
A Pnad Turismo, do IBGE, mostra que em 2023 só em dois de cada dez domicílios do país houve viagem. Como crescer?
Tivemos lacuna grande na oferta de dados para que pudéssemos analisar e tomar decisões. Essa pesquisa marca o início da organicidade do setor. A tomada de decisões, para ser eficaz, tem que ser pautada em dados. O Brasil está melhorando a olhos vistos. Do início do governo Lula até julho foram geradas 315 mil vagas com carteira assinada no turismo. Esse crescimento se vê ainda pelos investimentos em setores como parques e hotelaria, novos polos turísticos, como o de Cabo Branco, em João Pessoa.
Vão faltar hotéis para a COP30?
Há vários hotéis sendo construídos, como o Vila Galé, no porto de Belém, e o Tivoli, que vai ficar onde era o prédio da Receita Federal, esses com participação do governo federal e do governo do estado pela concessão desses imóveis. Também há um complexo em construção perto do aeroporto, expansão da oferta de residências usadas como Airbnb e haverá dois navios.
Hoje, as pessoas já estão demandando muito Belém. E o governo vai investir para desenvolver o turismo na Região Norte, especialmente na Amazônia. O presidente Lula determinou criarmos uma campanha para estimular o jovem do Sul e do Sudeste a conhecer o Norte e a Amazônia.
Há mais foco em sustentabilidade?
O aproveitamento adequado de parques nacionais e áreas de proteção, como florestas e rios da Amazônia, tem que ser trabalhado através do ecoturismo sustentável, aquele que possa ser explorado com veículos e barcos que utilizam energia alternativa, meios de hospedagem que tenham garantido o tratamento adequado e sustentável dos resíduos sólidos e líquidos, e garantindo o desenvolvimento econômico dos povos, das pessoas que vivem nesses lugares ou no entorno . Nós apostamos que essas pessoas vão ser os nossos fiscais.
Fonte: O GLOBO
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