Manifestantes se reúnem em Tel Aviv, Israel, e pedem libertação de reféns israelenses mantidos pelo grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza — Foto: Jack GUEZ / AFP
Várias regiões anunciaram nesta segunda-feira que aderiram à greve, incluindo Tel Aviv e Haifa, onde escolas permaneceram fechadas. Os transportes públicos, geridos por empresas privadas, foram parcialmente afetados. Companhias aéreas no principal aeroporto internacional de Israel, o Ben-Gurion, interromperam voos de saída entre 8h e 10h (2h e 4h em Brasília), e viajantes foram vistos em filas nos balcões de check-in, publicou a Associated Press. Voos de chegada continuaram durante esse período, segundo a Autoridade de Aeroportos de Israel.
A Histadrut informou que bancos, alguns grandes shoppings e repartições públicas também aderiram à greve, e equipes médicas de vários hospitais reduziram alguns serviços não urgentes. A paralisação é a maior em Israel desde março de 2023, quando manifestantes protestaram contra as tentativas do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de reformar o judiciário. Agora, no entanto, a adesão não foi igual em todas as regiões: Jerusalém e Ascalão não aderiram à mobilização, prevista para durar até o início da noite.
As manifestações de domingo parecem ter sido as maiores desde o início da guerra. À rede americana CNN, o Fórum das Famílias dos Reféns Desaparecidos, que representa alguns dos parentes, afirmou que os atos reuniram mais de 700 mil pessoas, sendo 550 mil só em Tel Aviv, embora a polícia israelense tenha evitado fornecer estimativas. Os manifestantes exigem que Netanyahu chegue a um acordo para devolver os cerca de 100 reféns restantes mantidos em Gaza, incluindo 35 que estariam mortos, mesmo que isso signifique a retirada das forças de Israel do enclave.
Autoridades israelenses afirmaram que os seis reféns encontrados na Faixa de Gaza foram mortos pelo Hamas pouco antes das forças de Israel chegarem ao túnel onde eles estavam sendo mantidos. Três deles seriam libertados na primeira fase de uma proposta de cessar-fogo discutida em julho. Autópsias determinaram que as vítimas foram baleadas à queima-roupa e morreram na manhã da última quinta ou na sexta-feira, disse o Ministério da Saúde israelense. Netanyahu culpou o Hamas, que, por sua vez, acusou Israel e os EUA de prolongar as negociações ao emitir novas exigências, como o controle de áreas estratégicas em Gaza.
O grupo palestino ofereceu libertar os reféns em troca do fim da guerra, da retirada completa das forças israelenses e da libertação de um grande número de prisioneiros palestinos, incluindo militantes de alto escalão. Israel, no entanto, exige manter sua presença no chamado Corredor da Filadélfia, área ao longo da fronteira de Gaza com o Egito apontada como caminho para que o grupo terrorista se rearme após a guerra ou reconstrua túneis para o Cairo. No domingo, o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, criticou o governo por priorizar o controle do território fronteiriço em detrimento do acordo para libertar os reféns.
‘Devastado e indignado’
Um dos reféns mortos na semana passada era Hersh Goldberg-Polin, um israelense-americano de 23 anos que perdeu o braço esquerdo no ataque de 7 de outubro. Em abril, o Hamas divulgou um vídeo que o mostrava vivo, e protestos foram registrados em Israel pouco depois. O jovem era um dos reféns mais conhecidos, e seus pais chegaram a se encontrar com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e com o Papa Francisco, e a discursar na Convenção Nacional Democrata no mês passado. No domingo, Biden disse ter ficado “devastado e indignado” com a notícia, e a Casa Branca afirmou que ele ofereceu condolências à família.
Imagem de um vídeo divulgado pelo Hamas em abril mostra o refém Hersh Goldberg-Polin — Foto: AFP
Autoridades americanas disseram que há uma “nova urgência” em alcançar o acordo de cessar-fogo em troca dos reféns, publicou a CNN. O conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, afirmou ao se reunir com as famílias dos americanos mantidos como reféns que “os próximos dias [de negociações] serão críticos”. Dos cerca de 250 reféns que foram levados para o enclave em 7 de outubro, mais de 100 foram libertados durante um cessar-fogo em novembro. Oito foram resgatados por Israel, e tropas israelenses mataram acidentalmente três sequestrados que escaparam do cativeiro em dezembro.
O primo de um dos reféns mortos em Gaza condenou Netanyahu nesta segunda-feira por “tornar impossível” a garantia do acordo de cessar-fogo. Primo de Carmel Gat, um dos seis reféns encontrados mortos no sábado, Gil Dickmann disse à CNN que o governo israelense estava “adiando o acordo” que poderia ter resultado na libertação de Gat e dos outros prisioneiros. Além de Gat e de Goldberg-Polin, os demais reféns encontrados mortos foram identificados como Eden Yerushalmi, Alexander Lobanov, Almog Sarusi e o sargento Ori Danino.
— Não conseguimos acreditar que é assim que isso termina — disse Dickmann. — Sabemos que o Hamas concordou com um acordo em algum momento, e que Israel foi quem impôs mais e mais termos, adiando o acordo. Sabemos que a decisão tomada por Netanyahu tornou impossível o retorno de Carmel e de outros reféns e colocou suas vidas em perigo. Isso foi o que os matou. Espero que o governo não simplesmente olhe para o outro lado e escolha a morte em vez da vida.
O Hamas afirmou, sem provas, que os reféns foram mortos pelo Exército israelense. Um funeral para Hersh Goldberg-Polin, o jovem americano-israelense, foi marcado para esta segunda-feira em Jerusalém. (Com AFP e New York Times)
Fonte: O GLOBO
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