Militares já atenderam mais de 3,7 mil ocorrências de incêndios florestais em 2024, número maior do que o mesmo período no ano passado. No Brasil, apenas Amapá, Distrito Federal e Rio de Janeiro estão dentro dos padrões internacionais de segurança de um agente a cada mil habitantes


Três guarnições atuaram no combate a incêndio em uma fazenda em Rio Branco — Foto: CBMAC

Com 880.631 habitantes, segundo os últimos dados divulgados pelo NUIBGE, o Acre conta atualmente com aproximadamente 400 bombeiros na ativa. O número está abaixo do recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU) que é de um agente para cada mil habitantes.

No Brasil, apenas Amapá, Distrito Federal e Rio de Janeiro seguem este padrão internacional de segurança.

O Acre enfrenta todos os anos fortes queimadas durante o verão amazônico. De acordo com o informativo de monitoramento de incêndios florestais do Corpo de Bombeiros do Acre (CBMAC), até agosto deste ano, já foram atendidas 3.766 ocorrências em todo o estado, superando as 2.805 registradas no mesmo período do ano passado.

De acordo o comandante-geral da corporação, coronel Charles Santos, a previsão é de que o cenário piore nos próximos dias. Segundo ele, a média diária tem se mantido em 200 incêndios.

"Nós temos aí uma intensificação justamente no mês de setembro, já historicamente, as pessoas se utilizam do manejo do fogo para fazer a limpeza do seu roçado. Então, como se pode se observar pelo tempo, pelo clima e pela densidade do ar, até ocorreu um aumento significativo e esse aumento vai se perdurar até o dia dez”, avalia.

Quantitativo de bombeiros no Acre segue abaixo do recomendado pela ONU

O coronel Charles Santos justifica que a recomendação da ONU considera condições “perfeitas”, que não são encontradas no Brasil e em outras partes do mundo. O que é possível ser feito, segundo o comandante, é otimizar os recursos disponíveis atualmente.

"Até porque se a gente for colocar com relação à regionalização, nós teriamos que praticamente triplicar [o efetivo]. O que a gente faz? Tentar otimizar os recursos que nós temos, tanto em recursos humanos como os materiais, tentando ocupar as áreas para tentar oferecer o melhor atendimento", pondera.

Apesar do aumento na demanda, o coronel destaca que o último concurso, feito em 2022, reforçou o efetivo e garante que uma nova convocação ocorrerá em breve para ampliar o quadro de agentes. Isso porque a validade do certame foi prorrogada por mais dois anos, até 2026.


Incêndio na BR-364, em Rio Branco — Foto: Júnior Andrade/Rede Amazônica Acre

“Estamos hoje com 170 homens na rua, diariamente. Nós estamos em 17 municípios e mais cinco realizando um monitoramento diário”, acrescentou.

Para conseguir atender o maior número de ocorrências possíveis, o coordenador da operação fogo controlado no estado, capitão Carlos Freitas Filho, explica os trabalhos funcionam de forma integrada junto ao governo federal e envolve todo o efetivo.


Incêndio no Parque Nacional Serra do Divisor foi controlado, mas bombeiros tentam apagar focos de calor — Foto: Arquivo/Corpo de Bombeiros de Cruzeiro do Sul

São feitos estudos técnicos para definição de áreas prioritárias. Foram chamados os militares de todos os setores, até mesmo da área administrativa, que, segundo o capitão, está funcionando com o mínimo possível de equipe para que os esforços sejam concentrados no combate aos incêndios.

“Os próprios militares do serviço operacional ficam com a folga mínima estabelecida pelo comando para que a gente possa dar conta dessa demanda”, explica.

Fonte: G1