Negacionistas do consenso científico de que a terra é redonda mantêm adesão de 20% dos brasileiros desde 2022

Em meio ao avanço de sua exposição por meio das redes sociais, a defesa de teorias conspiratórias tem se mantido estável entre os brasileiros nos últimos anos, embora ainda apoiadas por fatias significativas da população. É o que indica a nova pesquisa “A Cara da Democracia”, feita pelo Instituto da Democracia (IDDC-INCT).

O terraplanismo, teoria que contraria o consenso científico de dois milênios de que a terra é redonda, por exemplo, segue defendido por 20% da população brasileira, mesmo índice desde 2022. Já o grupo que nega que o homem pisou na lua oscilou dentro da margem de erro e representa 26% dos brasileiros. Os negacionistas da ida à lua somavam 27% em 2021. No ano passado, recuaram para 25%.

Já a teoria de que o coronavírus foi criado pelo governo chinês, mais associada a apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), apresentou leve recuo na sua aceitação na sociedade. A alegação é tida como verdadeira por 46% dos brasileiros, ante o índice de 49% dos dois últimos levantamentos.

Os que acreditam que as vacinas fazem mal às crianças também oscilaram um ponto para baixo e são 19% dos brasileiros. Já os que refutam essa afirmação avançaram dois pontos percentuais, de 73% para 75%, ainda dentro da margem de erro.

A convicção sobre a existência de uma conspiração global da esquerda para tomar o poder, por sua vez, segue com tendência de queda mais expressiva. Durante a pandemia de Covid-19, havia empate entre os dois grupos, mas hoje a maioria classifica como falsa a afirmação. Se, em 2021, 44% acreditavam que haveria esse plano, o índice caiu para 34% este ano.

A pesquisa "A Cara da Democracia" foi feita com 2.536 entrevistas presenciais de eleitores em 188 cidades, de todas as regiões do país, entre 26 de junho e 03 de julho. O levantamento é financiado pelo CNPq, Capes e Fapemig e é feito pelo Instituto da Democracia (IDDC-INCT), que reúne pesquisadores das universidades UFMG, Unicamp, UnB e Uerj. A margem de erro é estimada em dois pontos percentuais para mais ou menos e o índice de confiança é de 95%.


Fonte: O GLOBO