Convidado de honra das comemorações do Dia D, presidente ucraniano discursou nesta sexta-feira no Parlamento francês, em Paris

Porto Velho, Rondônia - Em um discurso no Parlamento da França, na sequência das comemorações dos 80 anos do Dia D, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, comparou a Rússia de Vladimir Putin com a Alemanha nazista de Adolf Hitler e definiu Kiev como "a chave da segurança da Europa". Convidado de honra dos aliados ocidentais, Zelensky agradeceu pelo apoio recebido até agora, mas pediu por uma ajuda ainda mais aprofundada.

— Hitler cruzou linha vermelha após linha vermelha, Putin faz o mesmo — disse o presidente ucraniano, acrescentando que os seus nacionais são herdeiros dos combatentes aliados da Segunda Guerra Mundial.

Os paralelos históricos de Zelensky não pararam por aí. O presidente ucraniano também afirmou que a invasão da Ucrânia pela Rússia trouxe de volta "o nazismo à Europa" — a narrativa de Moscou sobre a guerra acusa o regime de Kiev de nazismo — e que, 80 anos depois do Desembarque da Normandia, "a Europa já não é um continente de paz".

A reunião dos líderes ocidentais na França, em meio às comemorações do Dia D, foi pensada como um palco para, além da memória da Segunda Guerra, reforçar o apoio ocidental à Ucrânia. Ao longo do dia de ontem, outros paralelos com o conflito histórico e a atual guerra no Leste Europeu foram traçados por figuras como o presidente dos EUA, Joe Biden, e o rei da Inglaterra, Charles III. O conflito atual foi comparado à guerra mundial por se tratar de um embate entre liberdade e autoritarismo, disseram.

O discurso de Zelensky conversou com pontos tratados pelos seus aliados. O presidente afirmou que a Ucrânia é a "chave da segurança da Europa", colocando a perspectiva de Kiev sobre o mesmo tema levantado por Biden em um pronunciamento no dia anterior — ontem, Biden disse que os aliados não iriam recuar, porque se a Ucrânia fosse subjugada "não terminaria por aí".

— É na Ucrânia que reside a chave da segurança da Europa — disse Zelensky. — Sem controlar a Ucrânia, a Rússia terá que ser um Estado nacional normal, e não um império colonial que procura constantemente novos territórios na Europa, na Ásia e na África.

Cobrança aos aliados

A tensão entre Otan e Rússia cresceu nas últimas semanas, após países ocidentais anunciarem apoio adicional à Ucrânia. A autorização para uso de armas cedidas pela Otan contra o território russo e as declarações do presidente da França, Emmanuel Macron, sobre enviar instrutores militares para Kiev, foram denunciadas e rebatidas pelo Kremlin. Em Paris, Zelensky cobrou um apoio ainda mais profundo.

— Sou agradecido por tudo que estão fazendo, que é muito. Mas para uma paz justa é necessário fazer mais — insistiu.

Durante um discurso, Zelensky ainda expressou o desejo de que a reunião de cúpula internacional sobre a paz, que o governo ucraniano convocou para 15 e 16 de junho na Suíça, possa aproximar o país "do fim da guerra".

Mais de 100 países e organizações foram convidadas para a conferência de paz na Ucrânia, que acontecerá na cidade de Lucerna. A Rússia não está na lista de convidadas. Em abril, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que a conferência "não faz sentido" sem a presença da Rússia. Mesmo aliados questionam a real chance de impacto do encontro — os EUA anunciaram que Biden, principal financiador de Kiev, não estará presente. (Com AFP)


Fonte: O GLOBO