Joel Martinus também era alvo de mandado de prisão da Interpol; ele chegou a pedir refúgio no Brasil, segundo seu advogado

Porto Velho, Rondônia - Preso na última quinta-feira, em São Paulo, o surinamês Joel Timotheus Martinus, o Bordo, é acusado na Justiça de seu país de envolvimento no tráfico de drogas. Ex-vice-presidente de um dos principais partidos do Suriname, ele tem uma carreira como rapper e empresário, sendo dono de um time de futebol. Martinus era procurado internacionalmente pela França e o Suriname por crimes de homicídio, organização criminosa e tráfico de entorpecentes.

"Joel Martinus, também conhecido como The Mony Hond Bordo, é um dos artistas de crescimento mais rápido do Suriname. Conhecido por seus vídeos curtos nas redes sociais", diz a descrição do perfil do surinamês no Instagram. A última publicação de Martinus na página mostra ele sobre o capô de um carro, com cordões e pulseiras dourados. O uso dos adereços, aparentemente de ouro, se repete em outras publicações do homem.

Além de rapper e político, Martinus também é dono de um time de futebol no Suriname, SV Notch, da cidade de Moengo.

Martinus é membro do Partido Geral de Libertação e Desenvolvimento (Abop), do qual também faz parte o atual vice-presidente do país, Ronnie Brunswijk, um ex-líder guerrilheiro condenado por tráfico de drogas na Holanda nos anos 90. Em 2021, Martinus anunciou que iria se afastar da política e deixar o cargo de vice-presidente do Abop.

Procurado, o advogado de Martinus, Joseph Ogochukwu Ogbonna, disse que seu cliente veio ao Brasil fugindo de perseguições políticas no Suriname, após abandonar a aliança com o atual presidente do país Chan Santokhi. Após entrar em território brasileiro, Martinus pediu refúgio.

A prisão preventiva de Martinus foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Cristiano Zanin, no dia 22 de maio. Detido pelas autoridades brasileiras na semana seguinte, Martinus passa agora pelo processo de extradição para ser devolvido ao seu país de origem.

Investigações policiais mostraram que Martinus recebeu um carregamento de 450 quilos de cocaína transportado de avião, em dezembro de 2020, no distrito de Marowijne. Um operador de escavadeira, identificado como Ramnauth Ramrag, foi orientado a destruir e enterrar aeronave.

Por um problema no pagamento, o homem, no entanto, decidiu distribuir fotos do avião e espalhar informações a cerca da movimentação da droga. Um mês depois, em 25 de janeiro, Ramrag foi dado como desaparecido. Uma ordem de prisão foi expedida pelo Procurador-Geral do Tribunal de Justiça do Suriname em novembro de 2022.

Anteriormente, Martinus foi condenado à revelia na França a oito anos de prisão, em 2019, por envolvimento no tráfico de drogas entre o Suriname e a Guiana Francesa, segundo o jornal De Ware Tijd, do Suriname.

O Suriname tem um prazo de 60 dias para a solicitar a extradição de Joel Martinus, segundo decisão do ministro Zanin, datada desta segunda-feira.


Fonte: O GLOBO