Também aumentou a proporção de parlamentares que veem Brasil na direção errada. Maioria avalia que gestão Lula dá menos atenção ao Congresso do que deveria, e Padilha é apontado como interlocutor ‘mais efetivo’

Nova pesquisa realizada pela Quaest com uma amostra de 183 deputados federais revela que aumentou a proporção de integrantes da Câmara que veem o governo Lula com chances “baixas” de aprovar suas pautas no Congresso. O levantamento indica que, em relação a agosto do ano passado, subiu de 37% para 47% a taxa de deputados que consideram haver essa dificuldade, enquanto o percentual dos que veem chances “altas” de aprovação das agendas do governo baixou de 56% para 47% no período.

Mesmo entre deputados que se dizem governistas, grupo que naturalmente tem um olhar mais pró-governo, aumentou o percentual dos que afirmam ser baixas as chances de o Executivo aprovar suas propostas: a taxa passou de 10% para 27%. Nessa parcela de deputados da base governista, baixou de 87% para 71% os que veem boas condições de o Congresso avalizar os projetos enviados pela gestão Lula.

Pelo termômetro da Câmara, o projeto do governo tido com maior probabilidade de passar é a reforma tributária. São 58% dos deputados entrevistados que afirmaram ser “provável” que a regulamentação do pacote de alterações nas regras para cobrança de impostos no país seja aprovada. Já as medidas apontadas como mais “improváveis”, dentre as que foram testadas pela Quaest, são o PL das Redes sociais (45% não acham que avança), a reforma administrativa (42%), e a PEC do Quinquênio (40%).

Há hoje um grupo maior de deputados (43%) que consideram ruim a relação do governo com o Congresso do que aqueles que a acham positiva (33%). Os números se mantiveram estáveis em relação à pesquisa feita em agosto.

Para dois terços dos membros da Câmara (64%), o governo dispensa “menos atenção do que deveria” aos parlamentares, contra 27% que consideram que a atenção dada está na medida certa e 4% que acham que até há exagero. Enquanto entre governistas e deputados declaradamente de oposição houve recuo nas taxas que indicam insatisfação com a pouca atenção dada pelo Planalto, entre os independentes esse percentual subiu de 67% para 83%.

O Planalto tem enfrentado nos últimos meses dificuldades no Congresso por conta da desarticulação de sua base de apoio, cenário que se soma às críticas constantemente direcionadas ao ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, desafeto público do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Apesar das críticas a Padilha, o ministro responsável pela relação do governo com o Congresso foi o mais apontado como o “interlocutor mais efetivo”: 12% dos deputados entrevistados deram esse testemunho espontaneamente. Todos os demais nomes mencionados ficaram empatados na margem de erro estimada de 4,8 pontos percentuais para mais ou menos. Alvos de cobrança de Lula no mês passado, Fernando Haddad (Fazenda) foi citado por 1% dos deputados, enquanto o vice-presidente Geraldo Alckmin não chegou a somar nem 1% das menções.

A pesquisa indica ainda que os deputados federais mudaram de opinião em relação aos rumos do país. Em agosto, 52% achavam que o Brasil está “na direção certa”, contra 42% que pensavam o oposto. Os percentuais agora aparecem praticamente invertidos: 52% veem o Brasil na marcha a ré, e 38% acreditam que o país ruma na direção correta.

Essa piora acompanha a percepção geral sobre o próprio governo Lula 3. Para 42%, o desempenho do Executivo federal é negativo, contra 32% que o avaliam como positivo, e 26% que o consideram regular. O índice de desaprovação entre os deputados é superior à média geral da população, em que 33% classificam o trabalho do governo como negativo, conforme a pesquisa divulgada em março pelo instituto.

Contratada pela Genial Investimentos, a Quaest ouviu 183 deputados federais entre 29 de abril e 20 de maio, por meio de entrevistas presenciais e a aplicação de um questionário online. A proporção de deputados entrevistados considera a divisão de cadeiras por região do país. A margem de erro é estimada em 4,8 pontos percentuais para mais ou menos.


Fonte: O GLOBO