Antônia Elizabete Nunes Borges foi assassinada em novembro de 2022 em Cruzeiro do Sul. Nesta quinta-feira (16), Josué Fernandes de Souza foi condenado por feminicídio. Família espera pena maior.

Quase dois anos depois da morte de Antônia Elizabete Nunes Borges, a Justiça do Acre condenou, nesta quinta-feira (16), o marido dela a 26 anos de prisão em regime inicial fechado por feminicídio. Bete, como era conhecida, foi assassinada com mais de 40 golpes de tesoura em novembro de 2022 em Cruzeiro do Sul, interior do Acre.

Josué Fernandes de Souza, de 38 anos, foi julgado por um júri popular na 1ª Vara Criminal de Cruzeiro do Sul. Ele não pode recorrer do resultado em liberdade. A reportagem não conseguiu contato com a defesa do acusado.

O crime ocorreu no dia 14 de novembro de 2022 no bairro João Alves. Segundo o processo, que o g1 teve acesso, Josué, mais conhecido por Bolacha, e Bete estavam juntos há quatro anos. Na noite do crime, o casal estava em casa bebendo com amigos e colegas da vítima.

Em depoimemto à polícia, o acusado falou que, durante a madrugada, um dos convidados pediu que ele fosse comprar drogas para usarem. Ainda segundo o relato, o acusado saiu, mas no caminho percebeu que estava com uma das sandálias trocadas e resolveu voltar para para buscar a correta.

Ao chegar em casa, segundo ele, flagrou Bete apalpando as partes íntimas de um dos convidados. José Fernandes afirmou à polícia que fingiu não ter visto a cena, pegou a sandália e saiu para comprar drogas. Ao voltar para casa encontrou apenas a mulher e duas amigas no local.

A partir de então, o casal iniciou uma discussão ainda na parte de fora da residência, que se estendeu até dentro do imóvel. O acusado afirmou que a vítima negou ter traído ele, o xingou e ele não lembra de pegar a tesoura e golpear a mulher.

Bete foi socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levada para o Hospital do Juruá, onde passou por cirurgia e ficou três dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ela morreu no dia 17 de novembro.

Logo após cometer o crime, o acusado pegou a motocicleta e se apresentou em uma delegacia da cidade. No laudo do Instituto Médico Legal (IML), o corpo da vítima tinha mais de 40 perfurações da arma pelo tórax, seios, abdômen, braços, região cervical e na cabeça, que causou traumatismo craniano.


Tesoura usada no dia do crime chegou a quebrar e foi apreendida pela polícia — Foto: Reprodução

'Não foi o que a gente queria'

Ao g1, a mãe da vítima, Maria Sueli Nunes, contou que a família não ficou feliz com o resultado do júri, e esperava uma pena maior. "Não foi o que a gente queria. Só 26 anos. A gente saiu de lá todo mundo chorando, sabe? A gente esperava uns 30 a 35 anos porque o homem já tinha dois homicídios, com o da minha filha [são] três", lamentou.

Ainda segundo a mãe, o promotor do Ministério Público do Acre (MP-AC) que atuou no caso garantiu que vai entrar com recurso contra a decisão pedindo aumento de pena. "Ele vai conseguir novas provas porque, assim, no primeiro depoimento a gente não falou tudo o que queria", acrescentou.


Casal ficou junto por quatro anos — Foto: Reprodução

Maria Sueli disse que passou mal duas vezes durante o júri ao ter que reviver o assassinato da filha. Os dois filhos de Bete também assistiram ao julgamento.

"Não é fácil pra mim e para os dois filhos dela ficar de frente a frente com o homem que tirou a vida da pessoa que a gente ama. Ele ainda tinha coragem de olhar pra gente. Olhava pra gente e encarava. Foi uma audácia", concluiu.

Fonte: G1