Entre críticos das costuras do prefeito na capital, é comum ouvir que ele dá pouco espaço a quem não é de seu núcleo duro político

O grupo do prefeito Eduardo Paes (PSD) trabalha em duas frentes de atuação para, a um só tempo, manter o comando da capital por mais quatro anos e se preparar para tentar o governo do estado em 2026. Se no Rio o plano é impor uma chapa “puro-sangue” do PSD, nos demais municípios o foco está em apoiar candidatos de partidos que são cortejados para a eventual candidatura de Paes ao Palácio Guanabara daqui a dois anos. No total, a sigla do prefeito deve ter menos de dez candidatos no estado em 2024.

Além de olhar para 2026, o PSD acredita que, ao satisfazer caciques dessas siglas em redutos eleitorais específicos, pode atraí-las para a chapa de Paes na capital este ano. Entre críticos das costuras do prefeito na cidade, é comum ouvir que ele dá pouco espaço a quem não é de seu núcleo duro político.

Cessões estratégicas foram feitas pelo PSD em cidades populosas. Dos cinco maiores colégios, apenas na capital, com Paes, a sigla deve encabeçar chapa. Em Duque de Caxias, tende a caminhar com Netinho Reis (MDB), candidato do ex-prefeito e presidente estadual dos emedebistas, Washington Reis; em São Gonçalo, com Dimas Gadelha (PT); em Nova Iguaçu, com Dudu Reina (PP); em Niterói, Rodrigo Neves (PDT).

O objetivo é afagar aliados e dar capilaridade a Paes no estado. Outros apoios abarcam o Republicanos em Belford Roxo, onde o partido do prefeito Waguinho vai lançar o sobrinho dele, Matheus Carneiro; a candidatura do União Brasil em Campos dos Goytacazes, maior cidade do interior; e novos casos de aceno ao PT na região metropolitana, como Itaboraí e Japeri.

O episódio de Nova Iguaçu foi dos mais incisivos desse movimento do grupo de Paes. O PSD tinha avalizado a candidatura própria de Dr. Henrique Paes, mas, para desgosto dele, houve intervenção para consolidar o apoio a Dudu Reina, candidato do atual prefeito, Rogério Lisboa (PP), e do líder do PP na Câmara dos Deputados, Dr. Luizinho, que tem a cidade como reduto.

Partidos como o União e o PP são considerados centrais por também estarem em disputa pelo PL — seja para 2024, na capital, ou 2026, a nível estadual. Campos é a base política de um possível adversário de Paes daqui a dois anos: o presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar, presidente do União-RJ.

Ao lado de Bacellar

Além da cidade do Norte Fluminense, o PSD estará com o partido de Bacellar em Três Rios, com o candidato Vinicius Farah. Em outra frente, o prefeito do Rio também vem oferecendo espaço na administração municipal ao União.

Entre aliados do prefeito, o movimento de abrir mão de protagonismo em quase todo o estado é citado como uma forma de apaziguar o discurso de que ele “não abre espaço para a política”, como costuma ser dito por adversários.

Antes de bater o martelo sobre a candidatura em 2016, Paes encara este ano a tentativa de reeleição. É amplo favorito — o que, junto com a possibilidade de deixar o eventual novo mandato no meio, faz o prefeito querer colocar em curso a chapa puro-sangue. O preferido para a vice é Pedro Paulo, espécie de braço direito de Paes durante toda sua trajetória política e atual comandante do PSD no estado.

Ao contrário do que o prefeito fez nas outras eleições que venceu, a chapa deste ano é vista pelo grupo dele como “de sucessão”, e não “de composição”. Na prática, trata-se de uma eleição em que o vice precisa ser alguém de extrema confiança para Paes.

Apesar do favoritismo de Pedro Paulo na corrida pela vice, existem outras opções no PSD. As principais são o secretário Eduardo Cavaliere (Casa Civil) e o presidente da Câmara do Rio, Carlo Caiado.


Fonte: O GLOBO