Índice dos que apontam que há mais dificuldades em nível nacional varia de 42% em São Paulo a 49% no Paraná

Nos quatro estados em que foram feitas as pesquisas Genial/Quaest divulgadas nesta quinta-feira, há percepção de piora ou estagnação da economia do país nos últimos 12 meses, em mais um sinal de alerta para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os eleitores de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Goiás, ao mesmo tempo, veem um cenário menos negativo em seus respectivos estados do que no contexto nacional.

Nesses estados, governados pela oposição, o ex-presidente Jair Bolsonaro obteve mais votos que Lula no segundo turno de 2022. A exceção é Minas Gerais, onde houve vitória do petista por uma margem pequena.

Em São Paulo, 42% dos entrevistados apontam que houve piora da economia brasileira no período, enquanto 32% dizem que a situação ficou a mesma no último ano. No âmbito estadual, os índices se invertem: 30% veem piora e 41% avaliam que o quadro da economia em São Paulo se manteve o mesmo em 12 meses. Por outro lado, 26% citam melhora da economia paulista, enquanto 23% dizem o mesmo sobre o Brasil.

Os resultados são semelhantes em Minas Gerais. São 45% os que veem piora na economia nacional, ante 30% no âmbito local. Esse contraste é ainda maior no Paraná e em Goiás. A proporção do eleitorado que vê tendência negativa no país (49% e 45%, respectivamente) é o dobro da que aponta o mesmo sobre a realidade estadual (23% e 21%).

Apesar da percepção mais pessimista em relação aos rumos da economia brasileira, nos quatro estados, apenas um terço do eleitorado declarou que houve piora na sua própria situação financeira. O índice variou de 34%, em Minas e no Paraná, a 30%, em Goiás. É maior a fatia dos que apontam que ela permaneceu a mesma (41% a 42%, a depender do estado).

Preocupação do governo

Na comparação com a última pesquisa nacional da Quaest, a avaliação de que houve recuo nos indicadores da economia é ainda maior nos quatro estados governados pela oposição. Em nível nacional, são 38% os que veem um cenário negativo, índice sete pontos percentuais acima do registrado no levantamento anterior, de dezembro de 2023.

A alta dos preços de alimentos é um dos focos de preocupação do governo federal, assim como o impacto da polarização política na percepção dos eleitores. Como mostrou O GLOBO, em conversas internas, Lula costuma dizer que a economia é a grande arma na tentativa de angariar mais popularidade e conquistar a simpatia de uma parcela da população que não votou nele em 2022. Caso haja escalada nos preços, a avaliação no Palácio do Planalto é que o impacto na imagem de Lula será ainda maior.

Dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgados anteontem mostraram que a inflação desacelerou e subiu 0,16%, a menor variação para março desde 2020. A inflação veio mais baixa que o esperado pelo mercado.


Fonte: O GLOBO