Novamente uma atuação defensiva abaixo da crítica prejudicou o Botafogo nesta Libertadores. A segunda derrota em dois jogos, desta vez por 1 a 0 para a LDU, foi uma amostra de completo domínio equatoriano e muita desatenção alvinegra. 

Em sua estreia, Artur Jorge lançou a campo uma escalação diferente, com quatro jogadores ofensivos, mas que não foi capaz de fazer efeito, ainda mais em meio à altitude de Quito. O alvinegro se complicou no Grupo D, isolado na lanterna e quatro pontos atrás dos líderes Junior Barranquilla-COL e Universitario-PER. O sinal de alerta foi aceso.

— Saímos daqui frustrados com o resultado, sabemos que podemos e vamos fazer muito melhor no futuro. Mas com a consciência de que há margem para poder fazer melhor, porque essa é uma obrigação que teremos pela frente, uma vez que o resultado nos penaliza em função do que era esperado para o jogo de hoje — analisou Artur Jorge.

Assim como no revés para o Junior Barranquilla-COL, em casa, o gol sofrido saiu cedo. Ele começou em um lateral cobrado da esquerda, e a bola passou por toda a área antes que Alzugaray finalizasse com todo o espaço nas costas de Hugo e Lucas Halter. O zagueiro teve uma atuação fraca.

— Uma equipe que sofre um gol em um arremesso lateral, nesse nível de competição, desta forma, não é aceitável — disse o técnico.

Mais do que isso, o sistema defensivo estava muito passivo, concedendo espaços e sem dar combates próximos ou incomodar o adversário. A partida se ofereceu muito tranquila para a LDU, que poderia ter feito mais gols. Um chegou a ser anulado por um impedimento milimétrico, ainda no primeiro tempo. A equipe equatoriana não chegou a tentar muitos chutes de longe, um fator costumeiramente complicador.

O técnico português surpreendeu ao começar o jogo com Tiquinho Soares, Júnior Santos, Luiz Henrique e Jeffinho na linha de frente. Uma estratégia que tinha potencial para ou dar muito certo, ou errado. Ficou difícil avaliar qual seria seu real efeito, pois um gol sofrido logo com três minutos condiciona todo o resto da partida. Porém, os jogadores ficaram muito isolados, errando passes e algumas movimentações.

Tiquinho teve uma chance no primeiro tempo e Júnior desperdiçou uma oportunidade na etapa complementar, chutando por cima. E foi isso. Os espaços se apresentavam, mas faltou articulação e controle da bola. O camisa 9 fez algumas jogadas atuando como segundo atacante, sem sucesso. Óscar Romero poderia ter sido o homem responsável por isso, mas entrou de maneira tardia.

Em sua primeira experiência na altitude, Artur Jorge pareceu ter subestimado um pouco as condições climáticas e confiado que uma equipe mais leve teria condição de tramar jogadas. Com apenas Danilo Barbosa e Marlon Freitas no meio, viram-se muitas jogadas na qual sobravam espaços na entrada da área.

Reação pouco efetiva

A resposta no segundo tempo foi colocar Tchê Tchê no lugar de Danilo, e neste momento o Botafogo pareceu mais lúcido. A finalização de Júnior veio na jogada coletiva mais vistosa da equipe, com participação também de Luiz Henrique e Jeffinho. Porém, nada que tenha durado mais de 15 minutos. Cansados, estes dois últimos precisaram sair e o jogo voltou a ser estéril para o time brasileiro.

— É muito difícil jogar no campo com essa altitude, né? Tenta puxar, o ar não vem — disse Júnior Santos.

A LDU esteve mais próxima de ampliar na reta final, exercendo forte pressão ao encontrar um adversário já entregue. Gatito Fernández, que fez uma partida ruim e parecia mais lento do que de costume, foi obrigado a praticar ótima defesa.

A próxima rodada é apenas no dia 24, quando o Botafogo recebe o Universitario-PER no Nilton Santos. Artur terá tempo para entender melhor como dar sua cara à equipe. Neste domingo, às 17h, a equipe visita o Cruzeiro, na primeira rodada do Brasileirão.


Fonte: O GLOBO