PM concluiu que agentes erraram ao não submeter o motorista ao teste do bafômetro
O acidente que matou um motorista de aplicativo na Avenida Salim Farah Maluf, Zona Leste de São Paulo, em 31 de março, segue em investigação. Nesta terça-feira (23), o Ministério Público tornou público um laudo sobre a velocidade do carro antes da batida. No documento, uma análise policial aponta que o veículo de luxo estava a mais de 150km/h.
A informação foi revelada após o MP fazer novos pedidos ao Judiciário sobre o caso, como a quebra de sigilo dos dados do cartão de crédito de Fernando. Nos textos, o MP incluiu o dado sobre a velocidade em que Fernando Sastre Filho dirigia o Porsche 911 Carrera GTS, avaliado em mais de 1 milhão de reais, ao colidir contra um Renault Sandero e causar a morte de Ornaldo da Silva Viana.
Além disso, a Secretaria de Segurança Pública divulgou uma análise sobre a conduta dos policiais que atenderam a ocorrência. Após a batida e a chegada da polícia ao local, Sastre foi liberado pela polícia sem a realização do exame de bafômetro. A mãe do rapaz, Daniela Cristina de Medeiros Andrade, foi liberada sob o pretexto de levar o jovem para um hospital.
Em nota, a SSP informou que sindicância interna da Polícia Militar analisou as imagens das câmeras corporais dos agentes. A conclusão foi que houve uma falha de procedimento pelo fato de Fernando Sastre não ter sido submetido ao teste para determinar o nível de álcool no sangue.
— Foi aberto um procedimento para a responsabilização dos policiais. Os laudos da perícia e as imagens das câmeras corporais também foram entregues à Polícia Civil. Nos próximos dias será realizada uma reconstituição 3D para auxiliar no trabalho de investigação, que está na fase final. O caso está sob segredo de Justiça e detalhes serão preservados — diz nota da SSP.
A promotora responsável pelo caso, Monique Ratton, afirma que a quebra do sigilo é "imprescindível para demonstrar a titularidade dos cartões usados no pagamento pelo eventual consumo de bebidas alcoólicas".
Radares estavam desligados
Dois radares de trânsito que poderiam ter registrado a velocidade do Porsche estavam desligados. A prefeitura de São Paulo informou que os equipamentos não funcionavam porque passam por "atualização tecnológica".
Segundo a gestão municipal, os radares devem voltar a funcionar até o fim deste mês. Os equipamentos precisaram ser atualizados, ainda de acordo com a prefeitura, em atendimento a uma resolução do Conselho Nacional de Trânsito, o CONTRAN.
Amigo diz que Fernando bebeu
O estudante de medicina Marcus Vinícius Machado Rocha, amigo de Fernando Sastre Filho e que também estava no Porsche no acidente prestou depoimento à Polícia Civil em 11 de abril. Machado Rocha afirmou que o empresário bebeu antes de dirigir naquela noite.
O advogado José Roberto Lourenço, que defende o amigo de Sastre, confirmou para O GLOBO detalhes do depoimento de seu cliente. Marcus estava no carro junto com Sastre durante o acidente e ficou gravemente ferido.
— Antes do acidente eles foram para um restaurante e naquele local consumiram bebidas alcoólicas. O Marcus não soube precisar a quantidade nem que tipo de bebida consumiram — conta Lourenço. Fernando, Marcus e as namoradas dos rapazes estavam juntos naquela noite.
— Quando eles foram para a casa de pôquer, depois disso, se sentaram em lugares separados e ele não se recorda de ter visto o Fernando consumir álcool. Na hora que eles saíram de lá, o Fernando e a namorada discutiram e o Marcus afirmou que o amigo estava um pouco alterado. Ele se prontificou a acompanhá-lo no carro e a última coisa que ele lembra é o Fernando acelerando — disse o advogado.
Fonte: O GLOBO
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