Executiva do partido cria comissões no estado para minar candidatos apoiados pelo deputado

Enquanto se prepara para uma batalha judicial com o objetivo de evitar o afastamento do cargo e reverter a eleição do União Brasil, o atual presidente da sigla, Luciano Bivar (PE), já começou a ser retaliado em sua própria base eleitoral. Na última reunião da Executiva, os deputados Mendonça Filho e Fernando Coelho Filho conseguiram aprovar a criação de dezenas de comissões provisórias em municípios de Pernambuco, o que na prática deve inviabilizar o lançamento de candidatos apoiados por Bivar no pleito deste ano.

Nesta quarta-feira, a Executiva deve tirar Bivar do comando da sigla, com possibilidade até mesmo de uma “expulsão provisória”, em reunião marcada para as 15h.

Se as instâncias partidárias forem de fato consolidadas em Pernambuco, Mendonça e Fernando Coelho terão condições de favorecer o seu grupo político, em confronto direto contra a instância estadual do partido, ainda sob domínio de Luciano Bivar. O mesmo processo ocorre em Minas Gerais, onde o poder de Marcelo de Freitas, um dos últimos parlamentares a ficar ao lado de Bivar, também é ameaçado com o mesmo expediente.

A expectativa entre os aliados de Antônio Rueda, escolhido como sucessor para a presidência do União, é que Bivar saia do cargo e fique à deriva. Procurados, Bivar, Freitas, Mendonça e Coelho Filho não quiseram se manifestar.

Em Pernambuco, os aliados de Bivar já foram notificados sobre a criação de sete comissões provisórias. No estado, Mendonça Filho faz oposição ao PSB, que comanda a administração de Recife, com o prefeito João Campos. Já Bivar, desde o pleito de 2020, fez uma aliança com o socialista.

Trocas de partido

Anteontem, o primeiro impacto da decisão da Executiva foi sentido. O prefeito de Abreu e Lima e aliado de Bivar, Flávio Gadêlha, decidiu sair do União e se filiar ao PSB, em cerimônia ao lado do prefeito de Recife. Embora Mendonça faça oposição ao partido, Fernando Coelho Filho tem boa relação com João Campos.

Na reunião desta quarta, a relatora do pedido de afastamento e expulsão, Professora Dorinha (União-GO), vai ler o seu voto sobre a denúncia contra Bivar. A representação trata das supostas ameaças de morte de Bivar contra Rueda, investigadas pela Polícia Civil do Distrito Federal e sob a alçada do Supremo Tribunal Federal.

Logo depois, a Executiva irá se manifestar sobre o voto da senadora — são necessários 11 dos 17 votos para aprovar qualquer punição.

A denúncia trata também dos incêndios que destruíram as casas de praia de Rueda e de sua irmã, Maria Emília Rueda, tesoureira da sigla, além da “validação de cartas de desfiliação” de seis deputados do União Brasil do Rio de Janeiro, sem a anuência da cúpula da sigla.

Sem condições políticas para reverter maioria na Executiva, Bivar deve participar da reunião desta quarta por videoconferência. Se a Executiva aprovar uma punição de forma cautelar, Rueda assume como interino. O mandato conquistado com a eleição só tem início no dia 1º de junho.


Fonte: O GLOBO