Jogador poderá agurdar solto o julgamento dos recursos na Espanha mediante fiança de R$ 5,4 milhões e outras medidas restritivas

A advogada da mulher que denunciou Daniel Alves por estupro revelou, nesta quinta-feira, qual foi a reação da cliente ao saber que a Justiça espanhola concedera ao ex-atleta o direito de aguardar o julgamento dos recursos do caso em liberdade. 

Para deixar a prisão, onde está desde janeiro de 2023, o ex-lateral da seleção brasileira precisará pagar fiança de 1 milhão de euros (R$ 5,4 milhões, na cotação atual) e cumprir outras medidas restritivas.

Em entrevista ao programa "Vamos Ver", da rede Telecinco, Ester García afirmou que a vítima está "desesperada e frustrada" e que a notícia foi um "balde de água fria" e "difícil de explicar".

— A cliente está muito indignada e me disse: 'Estou cansada de ser forte' — destacou ela, segundo quem a cliente "aguentou muito" desde o dia do crime até o presente momento. — É um escândalo que libertem uma pessoa que consegue obter 1 milhão de euros de graça.

Advogada da vítima de estupro, Ester García fala sobre decisão de liberdade para Daniel Alves — Foto: Reprodução

A advogada ironizou a deliberação judicial e disse se tratar "do processo mais ágil" já visto em 22 anos de exercício profissional. A agressão sexual foi analisada e julgada pela Corte em pouco mais de um ano. Daniel Alves foi sentenciado em 24 de fevereiro, menos de um mês antes da decisão favorável à sua soltura.

— Ela sente que acreditaram nela [no julgamento, quando Alves foi condenado a 4 anos e meio por estupro]. Mas, desde ontem, ela sente que todo o seu esforço não serviu para nada — afirmou.

Na avaliação da advogada, a Corte que julgou Daniel Alves poderia tê-lo sentenciado a uma pena mais gravosa, mas optou pela sanção mínima no caso.

Em decisão publicada nesta quarta, a Justiça espanhola concedeu a liberdade provisória a Daniel Alves, mediante o pagamento de fiança de 1 milhão de euros (R$5,4 milhões). O brasileiro deve ser solto nesta quinta-feira e irá aguardar as próximas etapas do processo em Barcelona. O jogador deve entregar seus passaportes brasileiro e espanhol para que não haja a possibilidade de fuga do país.

— Que ele tenha sido sentenciado a 4 anos e meio foi um critério do Tribunal, não tem nada a ver com a lei — acrescentou ela.

Daniel Alves vai poder esperar a deliberação final dos recursos que estão na Justiça em liberdade. A defesa do jogador recorreu da sentença de 4 anos e meio de prisão por estupro de uma jovem em 2022. O caso será analisado por uma instância superior da Justiça espanhola, mas ainda não tem data definida.

Os representantes da jovem e o Ministério Público também recorreram da sentença proferida pelo Tribunal de Justiça de Barcelona. Ambos pediram aumento da pena para 9 e 12 anos de prisão, respectivamente.

Além disso, a advogada da vítima disse que vai recorrer da decisão da Justiça de conceder liberdade provisória ao brasileiro.

—Está sendo feita justiça para os ricos — afirmou a advogada Ester García, em entrevista à rádio catalã RAC 1.

O que mudou no entendimento da Justiça

Daniel Alves já havia pedido a liberdade provisória em outras cinco ocasiões ao longo do processo iniciado em janeiro de 2023, mas todas foram negadas. O atleta voltou a pedir a liberdade provisória esta semana ao Tribunal de Justiça da Espanha. 

Em uma audiência feita por videoconferência e com portas fechadas, nesta terça-feira, o brasileiro declarou ao magistrado que não iria fugir, caso seu pedido fosse concedido.

— Não vou fugir. Confio na Justiça e estarei sempre à sua disposição — disse Daniel Alves, segundo a imprensa espanhola.

O entendimento da Justiça espanhola nas outras ocasiões era de que havia o risco de fuga de Daniel Alves. Agora, com a sentença proferida, os juízes aceitaram os argumentos da defesa de que o jogador se comprometeria a entregar os passaportes e não haveria o risco de repetição do crime.

A defesa de Daniel Alves acredita que, por já ter cumprido um quarto da pena de prisão — o brasileiro foi preso em janeiro de 2023 —, ele poderia aguardar a decisão dos recursos em liberdade provisória.


Fonte: O GLOBO