Cobertura cresceu, há várias operadoras de telecomunicações atuando no estado, mas universalização ainda está distante

Embrenhar-se na selva amazônica não significa necessariamente ficar isolado do mundo. Com a maior parte de sua área ocupada pela floresta, o Pará tem quase 300 operadoras de internet por fibra óptica, mais de uma centena via rádio e seis de telefonia e conexão móvel, de acordo com o Ministério das Comunicações.

E há ainda alternativas por satélite, como a Starlink. A conectividade avança no Pará, mas a universalização do acesso à internet ainda está longe.

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) contabilizou, em dezembro do ano passado, 7,8 milhões de acessos móveis e 872,2 mil de banda larga fixa no Pará, estado que tem 8,1 milhões de habitantes em 144 municípios.

Segundo o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, o número de cidades paraenses com fibra óptica subiu de 60 para 103 entre 2016 e 2023, chegando a quase 72% dos municípios do estado. Hoje, 78,8% da população do Pará tem cobertura 4G, e o 5G (a mais nova e veloz tecnologia de telefonia e internet móvel) chega a 40,3%.

Desafio geográfico

As particularidades geográficas da Região Norte, com alta dispersão populacional e grandes distâncias, sempre foram um desafio para as telecomunicações.

Juscelino Filho diz que o ministério planeja investir R$ 1,6 bilhão, a maior parte até 2026, para levar o sinal 5G a todos os municípios paraenses, além do 4G a 406 pequenas localidades. É um valor à parte do R$ 1,3 bilhão destinado ao programa Norte Conectado, que prevê a instalação de oito infovias nos leitos dos rios da Amazônia.

Destinada a provedores, concessionárias e governos estaduais, a Infovia 01 foi inaugurada em agosto do ano passado para levar internet banda larga a três milhões de pessoas em cidades do Pará e do Amazonas por meio de um cabo de fibra óptica com 1.100 quilômetros de extensão.

De acordo com a Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Pará (Prodepa), o estado deve começar a operar o par de fibra óptica que lhe cabe na Infovia ainda no segundo semestre deste ano. Até lá é preciso concluir a integração com redes metropolitanas e de cidades digitais existentes na rota.

Em 2022, o projeto-piloto pôs em funcionamento a Infovia 00, com cabo subfluvial passando por Macapá, Almeirim, Monte Alegre e Santarém até chegar ao seu destino final no Pará, em Alenquer.

O governo do Pará planeja ampliar o alcance de sua Rede Gepa — para uso da administração pública, de escolas, hospitais, autarquias, Legislativo e Judiciário — dos atuais cem municípios para todos os 144 até o fim de 2026. O valor do investimento não foi informado.

“Algumas expansões podem ser feitas no período de até um ano, o que coloca o projeto totalmente dentro do prazo para a COP30”, informou a Prodepa.


Fonte: O GLOBO