Erro de fabricação criou um espaçamento inadequado nos furos para rebites em cerca de 50 jatos 737

A Boeing encontrou mais problemas na fuselagem do seu jato 737 Max. Um erro de fabricação deixou um espaçamento inadequado nos furos para rebites no encaixe de janelas de algumas aeronaves. O problema pode atrasar ainda mais as entregas da companhia aérea, que se comprometeu a fazer ajustes no 737 Max após um incidente na Alaska Airlines no mês passado, quando uma porta da aeronave se soltou em pleno voo.

O mais recente deslize de fabricação teve origem em um fornecedor e exigirá reparos em cerca de 50 jatos 737 não entregues para consertar os rebites defeituosos, disse o diretor comercial da Boeing, Stan Deal, em uma nota à equipe.

Embora ele não tenha identificado a empresa contratada, um porta-voz da Spirit AeroSystems Holdings, fornecedora da fuselagem desse modelo de aeronave, disse que a empresa está ciente do problema envolvendo dois furos mal feitos em algumas fuselagens e que fará os reparos.

As ações da Boeing caíram 1,6% nas negociações pré-mercado dos Estados Unidos nesta segunda-feira. Os papéis haviam caído 20% este ano até sexta-feira, o pior desempenho na Média Industrial Dow Jones. A Spirit Aero, sediada em Wichita, no estado do Kansas, também caiu 1,6%. As ações haviam caído 12% desde o início de 2024.

O tempo extra necessário para inspeções e reparos pode atrasar as entregas de aviões a curto prazo, disse Deal em seu memorando, ao qual a Bloomberg teve acesso.

"Esta é a única ação possível dado o nosso compromisso de entregar aviões perfeitos todas as vezes", disse Deal em sua nota.

Neste último caso, Deal informou ainda que um funcionário de um fornecedor da Boeing sinalizou que dois furos na fuselagem do avião podem não atender exatamente às especificações. O problema "não é uma questão imediata de segurança de voo e todos os 737s podem continuar operando com segurança", disse ele.

Uma aeronave Boeing 737 Max 8 do lado de fora das instalações de fabricação da empresa em Renton, Washington — Foto: David Ryder/Bloomberg

"Na quinta-feira passada, um fornecedor nos notificou sobre uma não conformidade em algumas fuselagens de 737. Quero agradecer a um funcionário do fornecedor que sinalizou para seu gerente que dois furos podem não ter sido feitos exatamente de acordo com nossas exigências", disse o CEO da Boeing Commercial Airplanes, Stan Deal, em uma carta à equipe.

Ainda assim, ele acrescentou que muitos funcionários expressaram frustração com a forma como o trabalho inacabado, seja por fornecedores ou dentro das fábricas da Boeing, pode se espalhar pelas linhas de produção de aeronaves.

Para resolver esse problema, a Boeing disse recentemente a um grande fornecedor para suspender as remessas até que todo o trabalho tenha sido devidamente concluído, ressaltou Deal:

"Embora esse atraso na remessa afete nosso cronograma de produção, ele melhorará a qualidade e a estabilidade gerais".

Deal acrescentou que a Boeing planeja dedicar ''vários dias de fábrica'' esta semana na unidade onde o 737 é montado, em Renton, nos arredores de Seattle, para trabalhar nos furos desalinhados e concluir outros trabalhos pendentes. Esse período permite que as equipes interrompam o trabalho normal e se dediquem a tarefas específicas sem interromper a produção.

O defeito ocorre após uma série de falhas de fabricação na Boeing, incluindo o incidente ocorrido com o 737 Max da Alaska Airlines no mês passado, quando uma porta se soltou em pleno voo. A Administração Federal de Aviação, órgão regulador dos EUA, intensificou o exame minucioso dos sistemas de fabricação e fornecedores da Boeing e limitou a produção do 737 até que a qualidade melhore.

Os investigadores, que estão examinando se os parafusos do plugue da porta do avião da Alaska Airlines estavam faltando ou mal encaixados, devem emitir um relatório provisório nesta semana.

O problema divulgado no domingo é o mais recente em uma série de falhas originadas na antiga unidade de aeroestruturas da Boeing. Uma falha de perfuração em um anteparo de pressão na popa fornecido pela Spirit Aero atrasou as entregas do 737 Max no ano passado, o mais importante gerador de fluxo de caixa da fabricante de aviões.

O órgão regulador dos EUA ordenou que a Boeing limitasse a produção do 737 à taxa atual de 38 jatos por mês por um período indefinido, enquanto soluciona as falhas de qualidade, adiando os aumentos de produção necessários para atender à crescente demanda por novos jatos.


Fonte: O GLOBO