Incidente ocorreu na região sul de Voronezh, atingindo ao menos seis residências, mas não houve vítimas, segundo o governo

A Rússia disse que bombardeou acidentalmente um vilarejo na região sul de Voronezh, perto da Ucrânia, nesta terça-feira, mas ressaltou que não houve vítimas. O acidente ocorreu no mesmo dia em que Moscou lançou um ataque de mísseis em grande escala contra o território ucraniano, matando pelo menos cinco civis e ferindo mais de 90, segundo Kiev.

"Em 2 de janeiro de 2024, por volta das 9h, horário de Moscou (GMT), durante um voo das Forças Aeroespaciais, ocorreu uma descarga anormal de munição de aeronave sobre a aldeia de Petropavlovka na região de Voronezh", disse o exército russo em um comunicado citado pelas agências russas de notícias. "Não há vítimas."

Petropavlovka fica a cerca de 150 quilômetros a leste da fronteira com a Ucrânia. O Ministério informou que seis casas particulares foram danificadas no acidente, segundo as agências de notícias russas.

"Uma investigação sobre as circunstâncias do incidente está em andamento. Uma comissão está trabalhando no local para avaliar a natureza dos danos e fornecer assistência para a restauração das casas", diz o comunicado.

O governador da região de Voronezh, Alexander Gusev, disse que alguns dos moradores de Petropavlovka foram transferidos para acomodações temporárias. Também informou que não houve vítimas, mas afirmou que houve "destruição registrada em sete residências".

Esse não é o primeiro incidente desse tipo durante a ofensiva russa de quase dois anos na Ucrânia. Em abril do ano passado, o Exército russo reconheceu que um de seus aviões de guerra lançou acidentalmente uma bomba em sua própria cidade de Belgorod, perto da fronteira com a Ucrânia, causando uma explosão.

Os bombardeios russos desta terça-feira deixaram ao menos cinco pessoas mortas — duas em Kiev, duas nos arredores da capital, uma em Kharkov (leste) — e 92 pessoas feridas. Outras de 25 mil ficaram sem eletricidade na capital ucraniana, Kiev.

"Até o momento, 92 pessoas foram feridas (...) Infelizmente, quatro pessoas morreram", disse o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky no Telegram, denunciando uma campanha de "terror russo".

De acordo com o Exército ucraniano, a Rússia disparou 99 mísseis, 72 dos quais foram abatidos pelas defesas antiaéreas ucranianas.

No dia anterior, o presidente russo, Vladimir Putin, ameaçou "intensificar" os ataques na Ucrânia em retaliação ao bombardeio da cidade russa de Belgorod por uma força sem precedentes no sábado, que deixou 25 mortos e 109 feridos.

No início da manhã, sirenes antiaéreas soaram em Kiev. Pouco depois, dez fortes explosões sacudiram prédios no centro da cidade, de acordo com jornalistas da AFP.

Um prédio no distrito de Solomianski, próximo ao centro, foi atingido por um míssil, causando um incêndio, informou o prefeito da capital, Vitali Klitschko. Um total de "27 pessoas foram hospitalizadas", acrescentou.

O Ministério do Interior ucraniano denunciou no Telegram um "bombardeio maciço" e disse que "prédios residenciais, armazéns e infraestrutura crítica" foram atingidos.

"Cerca de 260.000 pessoas" ficaram sem eletricidade em "vários distritos" de Kiev, informou o Ministério da Energia, e mais de 20.000 na região de Kharkov. A operadora nacional, Ukrenergo, lamentou no Telegram os "danos" às suas redes.

'Dêem armas para a Ucrânia!'

A cidade ucraniana de Kharkov, não muito longe da fronteira com a Rússia, foi alvo de "pelo menos quatro ataques", que mataram uma mulher de 91 anos, de acordo com o governador da região, Oleg Sinegubov. O prefeito da cidade, Igor Terekhov, também informou que "45 pessoas ficaram feridas, incluindo cinco crianças entre seis e 13 anos de idade".

Blocos de apartamentos de vários andares e infraestrutura civil foram danificados no centro da cidade, de acordo com as autoridades regionais.

"Dê armas à Ucrânia", implorou o secretário-geral do Conselho de Segurança e Defesa da Ucrânia, Oleksiï Danilov, no Telegram. Kiev tem se esforçado nas últimas semanas para obter mais ajuda militar de seus aliados ocidentais.

Quase dois anos após o início de sua invasão, a Rússia parece estar intensificando seus ataques aéreos novamente. Na última sexta-feira, uma série de ataques com mísseis russos na Ucrânia matou cerca de 40 pessoas. No dia seguinte, 25 pessoas foram mortas em um bombardeio ucraniano contra a cidade russa de Belgorod, perto da fronteira.

Polônia envia jatos de combate

Em resposta, Putin prometeu intensificar a ofensiva contra seu vizinho.

— Vamos intensificar nossos ataques, nenhum crime contra civis ficará impune, isso é certo — disse o presidente russo durante uma visita a um hospital militar. — Estamos usando armas de precisão para atacar centros de tomada de decisão, locais onde soldados e mercenários se reúnem, outros centros desse tipo e, acima de tudo, instalações militares.

Putin classificou o bombardeio ucraniano em Belgorod de "ato terrorista", mas considerou que a Ucrânia "não é um inimigo" em si e acusou o Ocidente de usar as autoridades de Kiev para "resolver seus próprios problemas" com a Rússia.

Em resposta a essa escalada, a Polônia, vizinha da Ucrânia, anunciou que havia enviado quatro de seus caças F-16 para o leste do país a fim de "garantir a segurança" de seu espaço aéreo.


Fonte: O GLOBO