Kleyton Manoel Dias foi afastado das funções em meio à investigação do caso; ele nega o crime

A jovem de 23 anos que denunciou ter sido estuprada pelo delegado Kleyton Manoel Dias, em Goiânia, sagrou-se Miss Ultra Universe Distrito Federal no ano passado e vai ostentar o título até 2025. Jade Fernandes se identifica nas redes sociais como maquiadora, influenciadora e modelo.

A mais de 9 mil seguidores, ela costuma publicar cliques de looks e viagens e mostrar ao público um pouco da preparação para o concurso nacional, o Miss Ultra Universe 2024. As postagens também incluem mensagens sobre inclusão e força feminina.

"Quero desmistificar essa divisão que nós impõe! SOMOS TODAS MULHERES. E somos todas capazes!", ressaltou ela, em post sobre a vitória no concurso do DF.

Nesta segunda-feira, em entrevista coletiva, ela contou ter sido vítima de violência sexual na madrugada de sexta-feira (5). Ela diz que o delegado Kleyton Manoel Dias a violentou no porta-malas do carro dele, depois de os dois saírem de uma festa de aniversário numa boate da capital goiana.

Jade, o delegado e outra mulher combinaram de ir para outro local ao fim da festa. Kleyton ofereceu carona. O delegado teria desistido de ir a um novo estabelecimento depois que a outra mulher perguntou a Jade seu gênero, mas se ofereceu para levá-las até a casa de cada uma.

Kleyton deixou a outra mulher em casa, mas depois teria parado o carro e perguntado a Jade: "O que vamos fazer agora?". De acordo com a vítima, foi então que o delegado começou a forçar a relação sexual.

Em nota, o delegado repudiou as acusações e disse que está à disposição das autoridades na investigação. Ele disse estar "abalado" com o ocorrido e prometeu "provar sua inocência".

A Polícia Civil de Goiás apura o caso, por meio da Delegacia da Mulher (Deaem) e auxílio da Corregedoria. Kleyton foi afastado de suas funções e realocado em uma unidade administrativa.

Ao longo da carreira na polícia, Kleyton esteve à frente de casos como o de extorsão ao padre Robson de Oliveira e chegou a ser ele mesmo investigado. Condenado por extorquir dinheiro do religioso, o hacker Welton Ferreira Nunes Júnior disse que o delegado teria cobrado R$ 165 mil e consentido com a criação de e-mails e imagens de "dentro da delegacia" para forjar supostos desvios de dinheiro de fiéis da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), em Trindade, e intimidar Robson.

A Corregedoria da Polícia Civil de Goiás abriu um procedimento para averiguar a alegação em 2020. Uma decisão judicial determinou o arquivamento do caso.


Fonte: O GLOBO