Aeronave foi localizada no município de Paraibuna; ainda não há confirmação de sobreviventes

As buscas pelo helicóptero que desapareceu com quatro pessoas há 12 dias, em São Paulo, chegaram ao fim nesta sexta-feira. A aeronave foi encontrada em Paraibuna, mesmo município em que horas antes do desaparecimento foi feito um pouso de emergência. Estavam a bordo o piloto, uma mulher, sua filha e um amigo da família. Ainda não há confirmação de sobreviventes.

Segundo a PM, a aeronave, modelo Robinson R44, decolou do Aeroporto Campo de Marte, na região norte da capital paulista às 13h15. Luciana Marley Rodzewics Santos, de 46 anos, sua filha, Letícia Ayumi Rodzewics Sawunoto, de 20, e Rafael Torres, um amigo da família que fez o convite para o passeio estavam a bordo do helicóptero, juntamente com o piloto, Cassiano Tete Teodoro, de 44 anos. Grupo ia passar a virada do ano em Ilhabela.

O último contato do helicóptero com a torre de controle foi às 15h10 de domingo, quando sobrevoava Caraguatatuba. Às 22h30, a Força Aérea Brasileira (FAB) foi notificada do desaparecimento. A operação de buscas teve início na madrugada de segunda-feira e se concentrou na região de serra do Litoral Norte de São Paulo, entre Caraguatatuba e Paraíbuna. Foi também nessa região em que antenas captaram sinais de celulares dos passageiros do helicóptero.

Segundo o Registro Aeronáutico Brasileiro, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a aeronave desaparecida foi fabricada em 2001 e tinha capacidade para transportar três passageiros, além do piloto. Consta no Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB) que o helicóptero se encontra em situação normal de aeronavegabilidade, sem permissão para realização de serviço de táxi-aéreo.

Último contato

Nas redes sociais, Luciana Rodzewics chegou a compartilhar um vídeo com o momento da decolagem. As imagens mostram o céu de São Paulo nublado. Rafael Torres e piloto aparecem sentados na parte dianteira do helicóptero e Luciana faz a filmagem da parte de trás.

Silvia Santos, irmã de Luciana e tia de Letícia, disse que a jovem enviou uma mensagem à família antes do desaparecimento, alertando sobre as condições perigosas de voo devido à intensa neblina. Segundo a CNN, em uma mensagem, Letícia mencionou:

"Tá perigoso. Muita neblina, estou voltando." A família também recebeu um vídeo que mostrava a densa neblina no momento do desaparecimento. Uma mensagem na qual a jovem contava ao namorado que o helicóptero havia feito um pouso de emergência numa área de mata por conta do tempo ruim.

Dificuldades e licença cassada

O piloto relatou ao dono e coordenador do heliponto em Ilhabela dificuldades durante o voo devidas às condições climáticas do local. De acordo com o Uol, o piloto explicou a Jorge Maroum que não tinha a visibilidade adequada durante o voo.

— Tá tudo colado aqui. Não vai dar certo não, Jorge — disse Cassiano, em referência à visibilidade ruim no céu.

Jorge, então, pede que o piloto "venha por cima" porque haveria "um buraco" em que a visibilidade estaria melhor. Ainda de acordo com o Uol, Cassiano relatou que não tinha "condição de subir".

Em nota a Anac diz que Cassiano Tete Teodoro “não dispõe de confirmação de sua presença como piloto em comando do voo". Além disso, ele "teve sua licença e todas as habilitações sumariamente cassadas pela Agência em 15 de setembro de 2021 por condutas infracionais graves à segurança da aviação civil”. A Anac diz que ele chegou a recorrer, mas a decisão foi mantida.

Trajetória de avião da FAB que busca por helicóptero desaparecido em SP — Foto: Reprodução/flightaware

Ainda de acordo com a agência, “em outubro de 2023, após observar prazo máximo legal para a penalidade administrativa de cassação, que é dois anos, o piloto retornou ao sistema de aviação civil ao obter nova licença com habilitação para Piloto Privado de Helicóptero (PPH)”. “Essa licença não dá autorização para realização de voos comerciais de passageiros”, finaliza a Anac.

Segundo a CNN, a advogada Érica Rodrigues Zandoná, que representa o piloto, diz que “a defesa se resguarda o direito de não comentar até averiguar todos os fatos junto ao seu cliente”.

Família ativa nas buscas

Durante as buscas, o namorado de Letícia fez diversos apelos para que Força Aérea Brasileira (FAB) encontrasse a jovem. Em publicações diárias, ele pediu ajuda das autoridades e agradeceu pelas orações de seguidores.

"Queria estar com você agora, segurando sua mão e olhando seu sorriso. Eu te amo. (FAB) vamos encontrar minha namorada", escreveu Henrique Stellato no Instagram no último domingo.

Letícia e o namorado Henrique — Foto: Reprodução/Redes sociais

Nesta sexta-feira, após localizarem a aeronave, o jovem fez um novo apelo nas redes, pedindo por novas orações. "Helicóptero encontrado. Orem pelo amor de Deus pela minha família!!!", escreveu Henrique.

Nesta semana, familiares dos desaparecidos contrataram mateiros para ajudarem na operação, enquanto outros parentes das vítimas realizam buscas por conta própria, com auxílio de um drone.


Fonte: O GLOBO