Grant Shapps também afirmou que ataques 'golpearam' os rebeldes, e que este é um 'modelo direto' de como a nação deverá 'continuar liderando no futuro'

O secretário de Defesa britânico afirmou, nesta segunda-feira, que os bombardeios realizados pelos Estados Unidos e Reino Unido na última semana “golpearam” os houthis. Grant Shapps disse, ainda, que este seria parte de um “modelo” de como a nação deverá “continuar liderando no futuro, oferecendo apoio inabalável aos aliados em tempos de dificuldade”, e sugeriu estar aberto a realizar mais ataques no Iêmen.

Na última quinta-feira, posições dos rebeldes foram bombardeadas pelos EUA e Reino Unido. Como justificativa, os países afirmaram que os houthis ameaçam a navegação no Mar Vermelho. No mesmo dia, o presidente americano Joe Biden classificou a atitude como uma “ação defensiva” em resposta aos “ataques sem precedentes dos houthis ao transporte marítimo internacional” na região.

Com a guerra na Faixa de Gaza, os houthis têm lançado mísseis e drones no Mar Vermelho desde novembro, o que encareceu o transporte comercial entre Europa e Ásia e causou atrasos. No total, mais de 2 mil navios foram forçados a desviar milhares de quilômetros para evitar a região, afirmou Biden. Ao defender a ação conjunta com os EUA, Shapps disse que o Reino Unido era “o guardião do livre comércio internacional”.

– O resultado é que os houthis foram prejudicados. Nossa resposta decisiva no Mar Vermelho e nosso apoio à Ucrânia oferecem um modelo direto de como o Reino Unido deve continuar liderando no futuro, oferecendo apoio inabalável aos nossos aliados em tempos de dificuldade, estimulando uma resposta global a atores que buscam romper a ordem internacional baseada em regras – disse ele.

'Comportamento inaceitável'

Quando questionado pela Sky News sobre a possibilidade de uma escalada nas ações, Shapps declarou que a intenção não é entrar no Iêmen, mas enviar uma mensagem clara aos houthis, apoiados pelo Irã, de que seu comportamento no Mar Vermelho é “totalmente inaceitável”. Ele pontuou, no entanto, que o Reino Unido irá “monitorar a situação cuidadosamente”, e enfatizou a importância da liberdade de navegação.

Alguns aliados americanos no Oriente Médio, incluindo as nações do Golfo do Catar e Omã, haviam expressado preocupações de que ataques contra os houthis pudessem fugir do controle e arrastar a região para uma guerra mais ampla com outros grupos iranianos, como o Hezbollah no Líbano e milícias apoiadas por Teerã na Síria e no Iraque.

O ministério das Relações Exteriores dos houthis respondeu aos ataques com uma declaração afirmando que “os EUA e o Reino Unido devem estar preparados para pagar um preço alto e enfrentar consequências de sua agressão”. Ainda não está claro se a ofensiva irá dissuadir os houthis de continuar seus ataques, que forçaram algumas das maiores empresas de navegação do mundo a desviar os navios no Mar Vermelho.

Os houthis, cujas capacidades militares foram aprimoradas por mais de oito anos de combate contra uma coalizão liderada pela Arábia Saudita, receberam a perspectiva de guerra com os Estados Unidos com satisfação. Na quarta-feira, antes do ataque, Abdul-Malik al-Houthi, líder da milícia, ameaçou responder com firmeza a um ataque americano. Em discurso televisionado, afirmou não ter “medo dos americanos”.

Funcionários da administração Biden procuraram separar os ataques dos houthis do conflito em Gaza e considerar ilegítimas as alegações do grupo de que estão agindo para apoiar os palestinos. Os funcionários estão enfatizando essa diferença para tentar conter uma guerra mais ampla.


Fonte: O GLOBO