Expectativa, de acordo com meteorologistas, é que os termômetros voltem a bater recordes nas próximas semanas

Depois de um 2023 marcado por ondas de calor, especialmente na primavera, quando capitais bateram recorde de temperatura, a primeira semana do ano começou com um clima mais ameno. Enquanto em novembro os termômetros no Rio de Janeiro e São Paulo beiraram ou ultrapassaram a casa dos 40°C, nos primeiros quatro dias de janeiro, as médias nestas cidades ficaram em 26,8°C e 22,3°C, respectivamente.

Os fenômenos responsáveis pela queda de temperatura no início do verão são os altos índices de chuvas somados à umidade elevada do ar, característicos dessa época do ano. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), alguns dos principais sistemas meteorológicos típicos de verão, como a Zona de Convergência Intertropical, perto da Linha do Equador, e a formação de uma provável Zona de Convergência do Atlântico Sul contribuem para a pancadas de chuvas, acompanhadas de rajadas de vento em todo o país, com exceção da Região Norte.

— O calor e a umidade são um padrão bem típico do verão. A Zona de Convergência do Atlântico Sul favorece chuvas de três a quatro dias, podendo até atuar um pouco mais. E são justamente essas chuvas, fracas, moderadas, em alguns momentos fortes acompanhadas de trovoadas e rajadas, que deixam as temperaturas um pouco mais amenas — explica a meteorologista do Inmet, Andrea Ramos.

Previsão de calorão

O fim do calorão, no entanto, não é uma realidade para 2024. Embora uma comparação feita pelo GLOBO com seis capitais (São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Porto Alegre e Belém) mostre que o calor está na média dos verões passados nos primeiros dias de janeiro, a expectativa, de acordo com meteorologistas, é que a estação seja a mais quente da história. Se não bater o recorde, deve ficar entre os três verões mais tórridos já registrados, afirma Gilvan Sampaio, coordenador-geral de Ciências da Terra do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

— É muito provável que seja o verão mais quente, tornando as coisas difíceis, pois a estação já tem temperaturas elevadas. Por ora, ainda não podemos saber. É certo que será muito quente — diz Sampaio.

Meteorologista da UFRJ, Wanderson Luiz Silva diz que a partir da próxima semana o canal de umidade formado pela atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul deve se dissipar. Assim, retornarão as temperaturas mais elevadas em grande parte do país.

— Dizer que um verão será quente não quer dizer que seus 90 dias serão fervendo. Mas que na média de longo prazo as temperaturas podem ficar dois ou três graus acima da climatologia — explica Silva, acrescentando que as temperaturas do Oceano Atlântico tropical estão de um a dois graus acima do normal, o que favorece maior umidade e condições de chuva a médio prazo, principalmente no Nordeste.

Dados do Inmet mostram que a capital paulista teve uma média de 22,2°C nos primeiros quatro dias de 2024. No mesmo período no ano passado, a média foi de 21,5°C. Salvador também apresentou um leve aumento: o início do ano registrou 28°C, média cerca de dois graus a mais do que a obtida até 4 de janeiro de 2023.

Um balanço do Inmet mostra ainda que a previsão para todo o mês de janeiro é de temperaturas acima da média em praticamente todo o país, acima de 25°C. Porém, em áreas do Amazonas, do Pará, do Amapá, de Mato Grosso, do Mato Grosso do Sul, de Goiás, do Ceará, do Rio Grande do Norte, da Paraíba e de Pernambuco, a média poderá chegar aos 30°C.

Neste período, a tendência também é de chuva abaixo da média em grande parte da região Norte e áreas da região Sul, do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul. Na maioria do território do Centro-Oeste, do Sudeste e do Nordeste, além de partes do Pará e do Paraná, a previsão indica chuva dentro ou ligeiramente acima da média. A baixa incidência de precipitações indica que o calor será mais intenso, previsão que segue a tendência mundial de aquecimento, em que 2024 superará 2023 como o ano mais quente já registrado na Terra.


Fonte: O GLOBO