Justiça aceitou denúncia do Ministério Público de Goiás. Amanda Partata, de 31 anos, responderá presa por assassinatos e tentativas de homicídio

Amanda Partata Mortoza, suspeita de matar a avó e o pai do ex-namorado por envenenamento, marcou um encontro amoroso com um médico um dia depois das mortes, de acordo com o delegado que comanda as investigações. O crime aconteceu por volta das 10h da manhã do último dia 17 de dezembro. Há uma semana, a Justiça de Goiás aceitou a denúncia do Ministério Público estadual contra a advogada de 31 anos e converteu a prisão temporária dela em preventiva.

O delegado Carlos Alfama afirmou que Amanda marcou um encontro com um homem em 18 de dezembro — segundo ele, já "começando outro relacionamento amoroso". A declaração foi dada ao podcast "Na Cena do Crime". Segundo o investigador, o homem com quem a advogada se encontraria é médico, mesma profissão do seu ex-namorado.

Cinco ex-namorados de Amanda apontaram um comportamento semelhante da advogada. Ela fingia estar grávida, mas, nos casos anteriores, os homens disseram a ela que só assumiriam a criança depois de um teste de DNA.

— Eles não eram tão bondosos a ponto de aceitar aquilo como verdade. Então, ela evoluiu a situação com a família que mais a acolheu — disse Alfama.

Para o delegado, Amanda acreditava "piamente" que o crime não seria descoberto e tentou fazer com que as mortes da avó e do pai do ex-namorado fossem declaradas como "morte natural". Ele disse acreditar que, caso não fosse presa, ela faria novas vítimas.

— É a pessoa mais cruel que eu já vi na minha vida, mesmo trabalhando com homicídios todos os dia — ressaltou.

Dois homicídios, duas tentativas

Amanda responderá presa pelas mortes do policial civil Leonardo Pereira Alves, de 58 anos, e da mãe dele, Luzia Tereza Alvos, de 86, além das tentativas de homicídio contra Agostinho Alberto Alves e João Alves Pereira. Os dois últimos rejeitaram os alimentos oferecidos por Amanda.

As vítimas eram pai e avó do ex-namorado dela, Leonardo Alves Pereira Filho, e o inquérito, já concluído pela Polícia Civil, aponta que Amanda Partata tinha o objetivo de "causar intenso sofrimento" a ele por não aceitar o término do relacionamento.

Amanda Partata na casa da família do ex-namorado — Foto: Reprodução

Na decisão em que tornou Amanda ré pelo crime, o juiz Eduardo Pio Mascarenhas da Silva, da 1ª Vara Criminal, justifica que "vislumbram-se presentes indícios de autoria e a prova da materialidade delitiva" e que "a liberdade da denunciada atenta contra a ordem pública e repercute de maneira danosa e prejudicial ao meio social".

Compra de substância tóxica e pesquisa no celular sobre uso de veneno

Ao falar sobre a periculosidade de Partata, o magistrado destacou ainda que "aparentemente, prevalecendo-se de relação de hospitalidade, de maneira premeditada, serviu alimentos envenenados às vítimas Luzia Tereza Alves, Leonardo Pereira Alves, Agostinho Alberto Alves e João Alves Pereira, familiares de seu ex-namorado com o possível objetivo de causar intenso sofrimento a ele ante o término do relacionamento", e acrescenta que a denunciada, "possivelmente forjou situação de gravidez falsa para envolver seu ex-namorado e seus familiares, método esse também utilizado para ludibriar terceiras pessoas em ocasião anterior".

A decisão cita ainda que, de acordo com as investigações, Amanda Partata teria efetuado a compra da substância tóxica no dia 8 de dezembro e teria realizado pesquisas sobre seu uso através do celular, "de modo que a utilização da substância infligiu intenso sofrimento e agonia às vítimas Leonardo e Luzia", as quais vieram a óbito rapidamente após a ingestão dos alimentos envenenados.

'Personalidade voltada à prática de crimes'

O juiz levou em consideração, ainda, os indícios de que Amanda Partata já tenha cometido outros crimes anteriores ao assassinato dos parentes do ex-namorado. A filha de Leonardo revelou ter recebido, após o crime, vários relatos de pessoas que afirmaram já ter sido vítima da advogada. A mulher teria, inclusive, protocolado falsas de denúncias de assédio contra o ex-namorado para prejudicá-lo.

"Ainda corroboram a necessidade de se resguardar a ordem pública os registros criminais anteriores da denunciada, os quais sugerem personalidade voltada à prática de crimes e com emprego de dissimulação. Recorde-se que há relatos de que a denunciada apresentava-se como advogada formada na Universidade de São Paulo e como psicóloga sem possuir formação própria. Inclusive, foram indicados nos autos procedimentos em que a denunciada estaria envolvida e foi informado pela filha da vítima Leonardo que, quando o caso foi divulgado na imprensa, “algumas pessoas entraram em contato com a depoente e passaram a lhe relatar diversos crimes praticados por Amanda, dentre eles estelionatos com golpe de gravidez falsa e exercício ilegal da profissão de psicóloga”.

A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Amanda Partata.


Fonte: O GLOBO