O tenista russo Andrey Rublev depois de vencer a etapa de Frankfurt do UTS
UTS foi criado em 2020 por ex-técnico de Serena Willians e retornou em 2023; etapa final será neste fim de semana, em Londres

Imagine uma partida entre o tenista Andrey Rublev, número 5 do mundo, e Casper Ruud (11º do ranking ATP) em que, ao invés de sets, a disputa é dividida em quartos. Cada um tem duração de oito minutos. Vence quem primeiro conquistar três deles. Caso haja um empate em 2 a 2, uma rápida prorrogação é disputada. 

Nela, ganha quem primeiro somar dois pontos. Esta disputa diferente existe. E o duelo entre o norueguês e o russo será hoje, como parte de um torneio que vem tentando ampliar o público do esporte: o UTS (sigla para Ultimate Tennis Showdown).

A liga independente foi criada em 2020 pelo treinador francês Patrick Mouratoglou, conhecido por seu trabalho com Serena Williams. Com formato curto, nasceu como uma opção para o período de paralisação do esporte pela pandemia de Covid-19. 

Após dois anos sem novas edições, retornou em 2023 com um formato de etapas (em Frankfurt e em Los Angeles e, a partir de 2024, também em Seul e Oslo) e uma grande final do ano, disputada neste fim de semana em Londres com oito participantes, como o dinamarquês Holger Rune (8º do mundo), o cazaque Alexander Bublik (32º) e o inglês Jack Draper (61º), além de Rublev e Ruud.

Outra curiosidade: os tenistas são chamados por apelidos. Rublev, por exemplo, é o Rublo, nome da moeda de seu país. Já Ruud é The ice man (o homem de gelo). Rune, por sua vez, é The Viking (o viking).

O formato das etapas é semelhante ao do ATP Finals. Os oito tenistas são divididos em dois grupos e se enfrentam entre si. Os dois melhores de cada chave avançam para jogos mata-mata que definirão o campeão. A grande diferença está nas regras. Por exemplo: é só ao final dos oito minutos que o ponto do quarto será definido. Se a disputa estiver em 13 a 9, quem está na frente só precisa pontuar mais uma vez. Já o que está atrás precisa virar o jogo sem direito a perder mais nada.

As regras inusitadas não param aí. Os tenistas podem usar uma carta bônus por quarto. Ela diz que, se ele vencer o próximo ponto, contará como três. Mas só vale para quem lançou o trunfo.

Além disso, o coaching é autorizado. Entre os pontos, os técnicos podem orientar seus atletas. A única exigência é que seja em inglês. Em caso contrário, um ponto será descontado.

A ideia da organização em estipular um formato tão diferente do tradicional é aproximar o público dos jogadores. O que fica bem evidente no fato de que tanto os tenistas usam microfones e fones de ouvido. Com isso, podem conversar com o treinador, com a torcida e até mesmo responder às perguntas de um entrevistador durante os intervalos.

Já aos torcedores é permitido se expressar ao longo de toda a partida. Inclusive quando o ponto está em disputa. “Chega de silêncio, vamos fazer barulho para apoiar os jogadores”, destaca a organização no site oficial do evento.


Fonte: O GLOBO