Em entrevista a um canal de TV local, Luis Caputo também confirmou que o fechamento do Banco Central é uma das bandeiras do governo e voltou a afirmar que a inflação é a “pior herança”

Depois de apresentar nesta terça-feira as principais medidas econômicas do governo de Javier Milei, o ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo, disse em entrevista exclusiva à emissora de TV LN+ que a inflação sobe 1% diariamente e voltou a afirmar que essa é "a pior herança da história". Caputo confirmou ainda o objetivo de alcançar a dolarização, embora tenha esclarecido que sua prioridade é estabilizar a situação do país.

O ministro anunciou também que está trabalhando em um decreto de desregulamentação abrangente que incluirá reformas estruturais, como o voto único e a eliminação das Primárias Abertas Simultâneas e Obrigatórias (PASO), entre outras medidas.

— Nosso objetivo é resolver a catástrofe que herdamos. O objetivo continua o mesmo, alcançar a dolarização. O presidente não mente, gostaria que ficasse claro, porque temos de ter um verdadeiro contrato com o povo — explicou ao LN+ — Estamos com um paciente que está em terapia intensiva.

O ministro fez uma análise sobre a atual situação econômica do país.

— Se você anualizar os últimos 15 dias, já estamos com uma inflação de 3.700%, a uma taxa de 1% ao dia. Se analisados, ​​os números não são exagerados. Estamos numa catástrofe, o que foi herdado é a pior herança da história.

Nesse sentido, Caputo assegurou que apesar dos planos de dolarização e fechamento do Banco Central ainda serem as bandeiras do governo, o ponto de partida hoje é "controlar o caos". O ministro explicou que o governo começou com um clássico plano de estabilização ortodoxo e assegurou estar confiante.

— O coração do programa sempre foi fiscal, minha concordância com o presidente nisso foi absoluta, ele sempre disse e reconheceu que, dado os 20 pontos de financiamento do déficit com emissão monetária, ficou muito difícil sair da armadilha. Dentro do programa de estabilização temos essa âncora fiscal necessária para reduzir a inflação, e o Banco Central a complementou com medidas monetárias. Estamos garantindo a independência do Banco Central e reduzindo as emissões — detalhou.

Caputo confirmou que a secretaria Jurídica e Técnica está atualmente trabalhando em um decreto de desregulamentação abrangente.

— Está focada em maior transparência, reformas estruturais, votação única, eliminação da PASO e financiamento da política — explicou — A reforma do Estado procura simplificar a vida. Tendo como objetivo tornar transparentes as coisas que hoje todos sabemos que são um tanto nebulosas — destacou.

Caputo descartou uma nova desvalorização do câmbio no curto prazo.

No início da semana, em mensagem gravada, o ministro apresentou uma série de medidas econômicas e antecipou a desvalorização do peso, os cortes nas despesas públicas, a redução "ao mínimo" das transferências para as províncias, a paralisação das obras públicas — com exceção daqueles que estão em curso — e a eliminação dos subsídios aos transportes, à energia e ao reforço da assistência social.

O eixo central da mensagem do ministro foi o aumento do dólar oficial de 400 pesos, que Sergio Massa havia deixado, para 800 pesos.

Empréstimo CAF

As declarações de Caputo foram feitas depois de confirmar que a Argentina receberá financiamento do Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe (CAF) para efetuar um pagamento de US$ 913 milhões ao Fundo Monetário Internacional (FMI) na próxima semana, conforme confirmado por duas fontes familiarizadas com o assunto à agência Reuters.

O novo ministro da Economia reuniu-se na segunda-feira com o presidente executivo da CAF, Sergio Díaz-Granados, e fechou um empréstimo de US$ 1 bilhão. O financiamento do banco de desenvolvimento deve ser aprovado pelo conselho de administração do credor.


Fonte: O GLOBO