Primeiro-ministro húngaro também alertou que poderia barrar a entrada de Kiev no bloco em algum estágio futuro; negociações serão retomadas em janeiro

Após a aprovação das negociações de adesão da Ucrânia na União Europeia (UE) nesta quinta-feira, o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, bloqueou o pacote de ajuda de 50 bilhões de euros do bloco para Kiev. Depois da reunião em Bruxelas, os líderes disseram que a discussão sobre o orçamento seria retomada em janeiro.

No X (antigo Twitter), Orbán escreveu: “Resumo do turno da noite: veto para o dinheiro extra para a Ucrânia”. O bloqueio da Hungria, aliada mais próxima da Rússia na UE, foi um golpe para Kiev. Pouco antes, o primeiro-ministro se absteve da votação sobre a adesão do país ao bloco. O argumento dos líderes era o de que um veto neste tópico teria um “impacto devastador” na Ucrânia, e testaria a credibilidade da UE.

Ao The Guardian, uma fonte disse que Orbán “foi informado de que seria um bom momento para tomar um café e saiu da sala”. Ele sabia, no entanto, que a votação ocorreria em sua ausência, “então, nesse sentido, foi pré-acordado”. A manobra, porém, não se repetiu quando o assunto passou a ser a ajuda financeira. Nesta sexta-feira, Orbán alertou que poderia bloquear a entrada da Ucrânia na UE em algum estágio futuro.

— Se não queremos que a Ucrânia seja membro da União Europeia, então o parlamento húngaro vota contra. E até que a questão chegue aos parlamentos, é um processo muito, muito longo, e, como eles contaram e eu também, existem cerca de 75 ocasiões em que o governo húngaro pode interromper esse processo — disse ele.

O húngaro argumentou que a Ucrânia não deveria receber uma quantia tão grande de dinheiro do orçamento da União Europeia, uma vez que não faz parte do bloco. Alguns líderes, porém, asseguraram a Kiev que poderiam canalizar ajuda para o país mesmo fora do orçamento da UE, caso a Hungria mantenha o bloqueio.

A disputa sobre ajuda financeira surge em um momento difícil para o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, após a contraofensiva da Ucrânia contra as forças russas não ter feito grandes avanços e com o presidente dos EUA, Joe Biden, até agora incapaz de obter um pacote de US$60 bilhões para Kiev pelo Congresso americano.

Nesta sexta, os líderes voltarão a outros assuntos, incluindo Gaza, sanções aos líderes do Hamas e colonos israelenses envolvidos em violência.


Fonte: O GLOBO