Prestes a deixar o TSE, o ministro Benedito Gonçalves já começou a própria sucessão na Corregedoria-Geral da Justiça Eleitoral, que ocupou nos últimos dois anos.
O mandato de Gonçalves se encerra nesta quinta-feira (9) e, pelo rodízio natural do tribunal, seu sucessor será Raul Araújo, a quem o corregedor delegou a decisão sobre convocação de testemunhas para depor na ação que apura se Bolsonaro cometeu abuso de poder político e econômico ao usar a tribuna das Nações Unidas em setembro do ano passado, em plena campanha.
A ação é uma das oito movidas por adversários de Bolsonaro que ainda aguardam julgamento no plenário do TSE e investigam supostos abusos cometidos nas eleições presidenciais de 2022.
“No caso dos autos, a única prova requerida pelas partes foi de natureza testemunhal (os depoimentos). Diante disso, e em razão do iminente término de meu mandato como Corregedor-Geral Eleitoral, é prudente reservar a meu sucessor o exame desta prova, uma vez que, caso deferida, a audiência ocorrerá sob sua relatoria”, escreveu Gonçalves.
Entre os depoimentos que Raul Araújo decidirá se vale ou não chamar estão o dos ex-ministros Carlos França (Relações Exteriores), Ciro Nogueira (Casa Civil) e Fábio Faria (Comunicações), todos apontados como testemunhas de defesa de Bolsonaro.
Todos eles se envolveram na realização de duas viagens internacionais realizadas pelo então presidente durante a campanha presidencial do ano passado: primeiro ele foi ao Reino Unido para participar do funeral da Rainha Elizabeth II e, de lá, seguiu para os Estados Unidos, para discursar na Assembleia-Geral das Nações Unidas.
A ação contra Bolsonaro que o corregedor eleitoral já entregou ao sucessor é movida pelo PDT e diz respeito a eventos conduzidos pelo ex-presidente nos dois locais.
Em Londres, Bolsonaro gravou um vídeo para divulgação de sua campanha, comparando o preço da gasolina na Inglaterra e no Brasil.
A comitiva brasileira para o velório incluía o pastor Silas Malafaia, o deputado federal Eduardo Bolsonaro e o ex-secretário de Comunicação Fábio Wajngarten.
Em tom de campanha, Bolsonaro criticou Lula, ressaltou escândalos de corrupção na Petrobras e afirmou que “o responsável por isso foi condenado em três instâncias”. Ainda na sua fala, ele lembrou as comemorações do Bicentenário da Independência — que já resultaram em sua condenação por abuso de poder político e econômico, na semana passada.
— Neste 7 de setembro, o Brasil completou 200 anos de história como nação independente. Milhões de brasileiros foram às ruas, convocados pelo seu presidente, trajando as cores da nossa bandeira. Foi a maior demonstração cívica da história do nosso país, um povo que acredita em Deus, Pátria, família e liberdade.
Fonte: O GLOBO
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