Vegano, vegetariano, flexitariano, plant-based: entenda as diferenças

Passe os olhos pelos cardápios dos restaurantes e pelas prateleiras dos supermercados e você vai se deparar com cada vez mais opções veganas, vegetarianas e plant-based (à base de plantas). As opções de produtos de origem vegetal substituindo carnes e derivados não param de crescer: é o interesse do consumidor pautando a indústria, pois reduzir ou cortar o consumo de carne também é tendência em alta.

Levantamento inédito do Google Trends sobre o interesse das pessoas pelo termo veganismo mostra que:
  • As pesquisas por veganismo quase dobraram no Brasil na comparação dos últimos cinco anos com o período anterior (+90%). No mundo, a alta foi de +50%.
  • São Paulo, Santa Catarina, Distrito Federal, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul são os Estados com mais interesse de busca pelo assunto nesse período.
  • "como ser vegano?" é a 5ª pergunta mais buscada sobre veganismo no Brasil nos últimos cinco anos.
  • O interesse de busca por "comida vegana" subiu +90% no Brasil nesse período. As pesquisas por "receita vegana" registraram alta de +70%.
  • As buscas por "restaurante vegano" mais que dobraram (+120%) e as consultas por "produto vegano" saltaram +400% no Brasil nesse período, ou seja, aumentaram cinco vezes.
As top 5 perguntas mais buscadas sobre veganismo no Brasil em 2023 são:
  • O que é vegano?
  • Vegano come o quê?
  • O que o vegano não pode comer?
  • Vegano pode comer chocolate?
  • Como fazer hambúrguer vegano?
Nas top 10 perguntas está: Qual é a diferença entre vegano e vegetariano?

Vamos às diferenças.

Veganismo é um movimento em que seus adeptos evitam, na medida do possível e do praticável, todas as formas de exploração e crueldade contra os animais – seja na alimentação, vestuário ou outras esferas do consumo.

Já o vegetarianismo é uma escolha alimentar que exclui os produtos de origem animal do cardápio. O vegetariano estrito não consome carne, ovos, leite nem produtos de origem animal. No entanto, há vertentes que cortam as carnes, mas incluem ovos, leite e derivados.

O flexitarianismo propõe a redução no consumo de carne e produtos de origem animal com foco nos benefícios para a saúde e para o meio ambiente.

A alimentação Plant-Based (também conhecida como whole food plant-based diet) também é tendência, principalmente entre nutricionistas, nutrólogos e quem se preocupa ter um estilo de vida saudável.

Embora a tradução de “plant-based” seja “baseado em plantas”, proposta vai muito além: prioriza o consumo de alimentos naturais e integrais, em especial frutas, hortaliças, legumes, grãos, leguminosas (feijões, soja, grão-de-bico, lentilhas, ervilha), oleaginosas (castanhas) e sementes.

A recomendação plant-based é evitar/excluir o consumo de produtos de origem animal (carnes, ovos e laticínios) e de alimentos industrializados ultraprocessados, que costumam ter baixo valor nutricional e excesso de sal, açúcar, gordura, conservantes, corantes e outros aditivos.

A principal diferença da alimentação plant-based e da vegana está na questão do processamento dos alimentos. Enquanto os adeptos da plant-based buscam alimentos na forma mais natural possível e evitam os produtos industrializados e ultraprocessados, os veganos não têm necessariamente essa preocupação.

As carnes vegetais (hambúrgueres, salsichas, almôndegas, quibes e nuggets), por exemplo, são consumidas por veganos e não fazem parte do cardápio plant-based. Por outro lado, os seguidores da alimentação plant-based, apesar de evitar carnes e derivados, podem consumi-los eventualmente, em pequenas quantidades. A preferência é dada à produção local, em pequena escala, orgânica, sem hormônios, antibióticos ou indutores de crescimento. Já os veganos não consomem nada de origem animal.

Os dados mais recentes sobre o número de vegetarianos no Brasil são de 2018: pesquisa realizada pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) e conduzida pelo Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) apontou que quase 30 milhões de pessoas se declaravam vegetarianas, representando 14% da população nacional (a SBV não tem dados sobre o número de veganos). Na época, a maioria dos entrevistados (63%) já estava disposta a reduzir o consumo de carne.

Um estudo complementar encomendado pela SVB ao Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica, ex-Ibope) em 2021 mostrou que 46% dos brasileiros deixam de comer carne, por vontade própria, pelo menos uma vez na semana. De acordo com o levantamento, 32% das pessoas entrevistadas disseram escolher opções veganas quando oferecidas em restaurantes e outros estabelecimentos.

“Além da parcela vegetariana da população, cresce muito rapidamente a parcela que procura reduzir o consumo de carnes e derivados. Em um, dois, três ou vários dias por semana, os brasileiros têm optado por fazer refeições vegetarianas ou veganas”, observa Ricardo Laurino, vice-presidente da SVB.

De acordo com as pesquisas da SVB (2018 e 2021)
  • 14% dos brasileiros se declaram vegetarianos
  • 46% deixam de comer carne pelo menos uma vez na semana (por vontade própria)
  • 63% dos brasileiros gostariam de reduzir o consumo de carne
  • 32% escolhem uma opção vegana quando essa informação é destacada pelo restaurante/estabelecimento
Segundo dados do The Good Food Institute Brasil (GFI Brasil), organização internacional sem fins lucrativos que trabalha para acelerar a inovação do setor de proteínas alternativas, 67% dos brasileiros diminuíram o consumo de carne (bovina, suína, aves e peixes) nos últimos 12 meses, um salto de 17% em relação a 2020. E, desse total, 47% pretendem reduzir ainda mais esse consumo no próximo ano.

De acordo com o instituto, os flexitarianos impulsionam o mercado de produtos substitutos da carne, leite e derivados: eles representam cerca de um quarto da população mundial.

Um estudo recente da Euromonitor aponta que, em 2022, o segmento de substitutos vegetais para carnes, aves e frutos do mar cresceu 42% em relação ao ano anterior. Nesse período, o comércio de leites vegetais registrou aumento de 15%. O setor de alimentos à base de plantas desenvolvidos para substituir a proteína animal já conta com pelo menos 107 empresas no Brasil.

Para especialistas, o aumento do interesse em reduzir ou cortar o consumo de carnes e derivados é motivado principalmente pela saúde (reduzir o colesterol, a hipertensão e outras doenças crônicas e aumentar a longevidade) e preocupações com os animais e o meio ambiente. Nas pesquisas, muitos entrevistados também citaram o aumento do preço da carne nos últimos anos como fator que motivou a redução do consumo.

E você: come carne e derivados, cortou ou reduziu o consumo? Manda uma mensagem no direct do Instagram (@angelicabanhara) contando a sua experiência e sua opinião sobre o assunto.


Fonte: O GLOBO