Após tragédia de 2020 e respondendo por abandono de incapaz, Jociane Evangelista Monteiro foi denunciada por maus-tratos contra o filho, que tinha 5 meses em janeiro. Sobre o caso das crianças carbonizadas, mais uma audiência está marcada para dezembro.
O caso que marcou a cidade de Rio Branco em dezembro de 2020, quando três crianças morreram carbonizadas em uma casa que pegou fogo no Portal da Amazônia, ainda segue sem um desfecho. Jociane Evangelista Monteiro, mãe das vítimas na tragédia de 2020 e que responde por abandono de incapaz, aguarda por mais uma audiência de instrução que está marcada para dezembro. Este ano, ela voltou a ser alvo de denúncia por maus-tratos contra mais um filho.
A primeira tragédia ocorreu no dia 19 de dezembro de 2020, depois que a mãe deixou as crianças, de 4 e 2 anos e uma bebê de 8 meses, trancadas em casa sozinhas para ir a um bar. Vizinhos ainda tentaram socorrer as vítimas ao ouvir os gritos, mas não foi possível retirar os três irmãos.
No dia 2 de janeiro deste ano, Jociane voltou a ser presa em flagrante em Rio Branco, agora por suspeita de maus-tratos contra o filho que, na época, estava com 5 meses de nascido.
Conforme a investigação da polícia e denúncia do Ministério Público do Acre (MP-AC), a mulher estava embriagada, andando em via pública com a criança no colo, quando em determinado momento teria jogado o filho no chão e depois ameaçado se jogar da ponte com ele. A informação foi dada no depoimento do pai da criança, que foi quem acionou a polícia.
O homem também informou na época que a mulher tinha deixado seu filho aos cuidados de uma adolescente e outra criança para sair para beber. No interrogatório, Jociane confessou ter deixado a criança aos cuidados de sua sobrinha adolescente e ter ido ingerir bebida alcoólica num bar, mas negou que tivesse jogado o filho no chão e ter ameaçado se jogar com ele no Rio Acre.
Em vídeo que viralizou, mãe aparece aos prantos em frente à casa onde filhos morreram carbonizados em 2020 — Foto: Reprodução
Jociane passou por audiência de custódia no início do ano e foi colocada em liberdade provisória, com uso de monitoramento eletrônico. Além disso, foram impostas medidas protetivas de afastamento da criança.
Apesar de ter concedido a liberdade provisória, na decisão, a juíza Andréa da Silva Brito ressaltou os antecedentes da mulher, em relação aos cuidados com os filhos.
“Importante destacar que a apresentada Jociane Evangelista Monteiro tem sua conduta reiterada em delitos que negligenciam os cuidados básicos e necessários com sua prole, de modo que a mesma responde em liberdade provisória o tipo penal de abandono de incapaz no dia 20.12.2020, situação fática que originou na morte de 03 crianças menores de 12 anos, seus filhos”, pontuou a magistrada no documento.
No dia 22 de junho deste ano, a 1ª Vara Criminal da Comarca de Rio Branco recebeu a nova denúncia contra ela, que virou ré também por maus-tratos contra o filho. A última manifestação no processo foi uma declaração de atendimento do Segundo Conselho Tutelar, em setembro, informando que recebeu os pais do bebê e que o homem relatou que a denúncia “não passou de uma mentira” para se vingar da mulher que também teria denunciado ele no ano passado.
Três crianças morrem carbonizadas após serem deixadas trancadas em casa por mãe que foi para bar no AC — Foto: Arquivo pessoal
Nova audiência de instrução
Em abril do ano passado, a 4ª Vara Criminal da Comarca de Rio Branco autorizou a exumação dos corpos de Caio e Diogo Evangelista Monteiro, de 2 e 4 anos, respectivamente, que morreram carbonizados, para retirar novas amostras biológicas. No incêndio também morreu a irmã dos meninos, Vitoria Sofia, de 8 meses.
O pedido foi feito em outubro de 2021 pela Polícia Civil do Acre porque, segundo o Instituto de Análises Forenses, as análises de DNA feitas nos restos mortais (dentes de leite) de Caio e Diogo não revelaram a presença de DNA para estabelecer vínculo genético com o material fornecido pela mãe deles, Jociane Evangelista. Portanto, foram solicitadas novas amostras biológicas por meio da exumação das vítimas.
Casa foi totalmente destruída no incêndio — Foto: Eldérico Silva/ Rede Amazônica
No caso da terceira vítima, Vitoria Sofia, a perícia conseguiu identificar a presença de DNA para análise. Após o pedido, o instituto informou que não seria mais preciso fazer o processo de exumação de Diogo Evangelista e, no dia 20 de abril de 2022 foi feita a exumação do cadáver de Caio e recolhido o material necessário. O laudo apontou que Jociane é mãe biológico do doador da amostra.
Com o resultado do exame, foi marcada uma nova audiência de instrução e julgamento para o dia 12 de dezembro deste ano e a Defensoria Pública do Estado deu o nome de duas novas testemunhas de defesa para serem intimadas.
Jociane foi denunciada pelo Ministério Público Estadual (MP-AC) pelo crime de abandono de incapaz com alguns agravantes, como o fato de ser mãe das vítimas. A denúncia foi aceita pela 4º Vara Criminal de Rio Branco no dia 21 de janeiro de 2021, quando o inquérito policial foi transformado em ação penal.
Antes desse caso, a mulher já tinha sido denunciada no Conselho Tutelar por negligência e maus-tratos.
FOnte: G1
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