Copom informa a nova taxa Selic nesta quarta-feira

Os economistas são quase unânimes na avaliação de que o Copom (comitê de política monetária do Banco Central) cortará os juros básicos em meio ponto nesta quarta-feira, levando a taxa Selic a 12,25% ao ano.

A maior parte dos especialistas acredita que o BC indicará que vai manter esse ritmo nos próximos encontros, já que os últimos dados mostram uma inflação comportada. Mas os olhos estarão voltados sobre como o comunicado da decisão tratará da piora do cenário internacional, com juros longos cada vez mais altos nos Estados Unidos e a guerra entre Israel e o Hamas, e dúvidas sobre qual será a meta de resultado primário para 2024.

Na última sexta-feira, o presidente Lula disse que o governo não perseguirá mais o objetivo de zerar o déficit, e após uma entrevista irritada do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, há um debate intenso sobre a possibilidade de mudar a meta para um rombo de 0,25% ou até 0,50%.

Esse cenário mais turbulento, entretanto, não justifica uma mudança no plano de voo do Copom para cortes menores à frente, na avaliação de grandes bancos. Isso porque a inflação está controlada e o impacto do cenário externo sobre o dólar é moderado até agora.

- Apesar do ambiente externo ter se tornado mais complexo (com aumento dos juros longos nos Estados Unidos e deflagração do conflito no Oriente Médio), a depreciação do real em relação ao dólar foi moderada, e, no âmbito doméstico, as divulgações de inflação mostraram dados mais benignos, com queda das principais medidas de núcleos - apontou a equipe de macroeconomia do Itaú Unibanco em relatório.

É uma avaliação parecida com a do Santander, que admite que a possibilidade de cortes mais intensos na Selic, de 0,75 ponto, se reduziu com a turbulência do cenário externo. Mesmo assim, o banco acredita que o passo atual será mantido nos próximos encontros, e que a chance de uma redução maior ainda existe.

- O risco de cortes maiores na Selic diminuiu ultimamente devido ao crescimento das incertezas internacionais - disse a equipe do banco em relatório. - Mas apontamos que esse risco ainda não está extinto. Esperamos que a inflação continue melhorando e a atividade econômica continuará a esfriar nos próximos trimestres.

A equipe de macroeconomia do C6 Bank, por outro lado, acredita que o cenário externo incerto pode levar o BC a ser mais conservador no comunicado.

- Diante de um cenário internacional mais incerto, em função da alta das taxas de juros nos EUA e do fortalecimento global do dólar, o comitê deve ser mais conservador em relação a sinalização da continuação de cortes de juros nas próximas reuniões - apontaram os economistas do banco em relatório.


Fonte: O GLOBO