
Rebeca Andrade, a grande estrela do Brasil nos Jogos Pan-americanos em Santiago-2023, ganhou o inédito ouro da competição. Com dois saltos excepcionais, os melhores executados em sua carreira, ela venceu a final do aparelho, ontem, no Centro de Desportes Colectivos. A brasileira ainda ganhou a prata nas barras assimétricas e fez dobradinha no pódio com Flavinha, bronze. O Brasil teve ainda Arthur Nory, prata no solo.
— Ah, eu fiquei muito feliz, né? Foram dois saltos muito bons. Eu gosto muito de saltar, gosto muito de fazer paralelas também. Então eu estou bem feliz e orgulhosa de tudo que eu apresentei até agora —declarou Rebeca. — Eu não sei o que eu fiz de diferente, mas eu sei que eu fiz igual. O mesmo pensamento de sempre, o resultado é consequência.
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As meninas brilharam com o collant amarelo, de mangas com barra branca e pedras neutras. Também foi usado por Rebeca na conquista da medalha de bronze na trave e da prata no solo, no Mundial da Bélgica. E por Flavinha quando foi bronze no solo, no torneio. O uniforme faz parte de uma conquista importante para as ginastas.
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É que desde 2018, a Confederação Brasileira de Ginástica tem parceria com a americana Ozone e, desde o ano passado, as atletas passaram a incrementar os modelitos. A cada ano a seleção feminina lança um conjunto de collants, cerca de sete peças para torneios e outros para treinamento.
As brasileiras estrearam novos modelos no Campeonato Mundial, na Bélgica. E usaram um para cada dia. Vão utilizá-los novamente em torneios até os Jogos de Paris-2024, quando a seleção lançará novo conjunto.
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Quem os desenha é Jade, que está em seu quinto ciclo olímpico e em grande fase. Fora dos campeonatos desde 2019 por causa de uma lesão, Jade teve retorno triunfal e ganhou a medalha de prata por equipes no Mundial e no Pan. Ela diz que todas as meninas dão palpites e colaboram com ideias:
— Fazer os collants para a seleção e ver que os modelos caminham com a gente, construindo uma história com gente é muito emocionante — diz Jade. — Nunca pensei que a gente teria isso. Porque na minha uma época não havia dinheiro para isso.
Jade conta que, mais jovem e ao lado do pai, iniciou uma empresa de collants para confeccionar seus próprios uniformes porque à época não tinham modelos assim no Brasil. Ela, que sempre gostou de ajudar na criação dos collants, busca referências diversas. Explica que o modelo branco com as mangas com as cores do Brasil em degradê foi um resgate às cores da bandeira do Brasil. Já o rosa (usado por Rebeca no dia em que foi campeã mundial do salto), uma homenagem ao mês de consciência do câncer de mama, o outono rosa, e também uma brincadeira com a chegada do filme Barbie nos cinemas.
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Na estreia em Santiago, quando a seleção conquistou a prata por equipes, as meninas usaram um modelo retrô, azul marinho e com pedrarias amarelas. No peito, escrito Brasil. As atletas quiseram que este modelo fosse usado em uma competição, uma vez que na Bélgica foi usado apenas no treino de pódio.
— Eu amo a cor azul, na verdade eu adoro todos os collants. Os que eu usei nos Jogos de Tóquio estão guardados a sete chaves e eu vou enquadrá-los. Ficarão junto com as nove medalhas que tenho (de Mundial e Olimpíada) que pretendo colocar em caixas de acrílico qunando em me mudar. Farei um quarto da minha história — disse Rebeca referindo-se ao Jogos em que foi prata no individual geral e o ouro no salto.
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Já o modelo da final por equipes do Mundial, em que o Brasil conquistou uma prata inédita, vai ser guardado por todas elas e não entrará mais no ginásio. O modelo é preto e de veludo, também com um toque retô. Segundo Jade, foi muito usado na época da Daiane dos Santos e Daniele Hypolito.
— São uma homenagem às atletas de várias gerações que lutaram para que a gente vivesse esses momentos tão especiais — explica Jade, que cita ainda o collant amarelo, cuja influência foi o filme a Bela e a Fera. — Queria uma coisa mais princesa. Claro que mandamos os desenhos e só sabemos o resultado quando chegam. Estou muito feliz com o resultado.
O técnico Francisco Porath Neto, o Chico, acredita que o engajamento das atletas nesse processo faz bem para o clima da seleção e para a confiança:
— É também motivo de muito orgulho para elas. Se sentem parte do processo, é uma motivação a mais — acredita o treinador, que não interfere no processo de criação. — Só peço que seja confortável.
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Nesta quarta-feira acontecerão as últimas finais por aparelhos da ginástica artística. Júlia e Flavinha se apresentarão na final do solo. E Rebeca e Flávia fazem a final da trave. Pelo masculino, no salto e na barra fixa, o Brasil terá Nory e Yuri. Bernardo Miranda também disputará a final da barra fixa e, ao lado do Diogo, a decisão das paralelas.
*A repórter viaja a convite da Panam
Fonte: O GLOBO
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