Partido que tem ainda o vice de Tarcísio de Freitas quintuplicou o número de mandatários, enquanto o PSDB encolheu e virou nanico

Pouco mais de um ano após a histórica derrota do PSDB na corrida pelo governo de São Paulo, que desalojou os tucanos do Palácio dos Bandeirantes pela primeira vez em 28 anos, o domínio do partido sobre as prefeituras do estado foi tomado pelo PSD de Gilberto Kassab.

De olho nas eleições municipais de 2024, a sigla do secretário de Governo e homem forte de Tarcísio de Freitas (Republicanos) quintuplicou o número de prefeituras desde o início do ano.

A legenda, que elegeu 65 prefeitos em 2020 e era a terceira maior força política paulista, hoje controla 329 cidades, pouco mais da metade dos municípios do estado de São Paulo (645).

Já o PSDB fez o caminho inverso. Dos 240 prefeitos que tinha em 2021, pouco antes das prévias do partido para escolher o candidato à Presidência da República, sobraram apenas 42.

A desidratação do partido que governou São Paulo entre 1995 e 2023 já era esperada pela troca de comando do Bandeirantes, mas na visão de alas tucanas a aproximação de prefeitos com a base aliada de Tarcísio acabou acelerada pela crise no comando estadual e nacional do PSDB, como mostrou O GLOBO na última quinta-feira.

Mas o "fator Kassab" foi determinante para que os prefeitos escolhessem o PSD e não outras legendas. Como secretário de Governo de Tarcísio, ele comanda as articulações na Assembléia Legislativa do estado e o atendimento das demandas de prefeituras, o que facilita bastante a conquista.

Para se ter uma ideia do quanto, basta dizer que o Republicanos, partido do governador, só tem 50 prefeitos (frente a 23 eleitos em 2020). Das outras legendas da base de Tarcísio, o PL de Bolsonaro tem 56 prefeitos (contra 41 no último ciclo eleitoral, quando o ex-presidente ainda não havia se filiado ao partido) e o MDB de Ricardo Nunes, que comanda a capital, tem 70 (elegeu 55).

Ex-prefeito de São Paulo por dois mandatos, Kassab foi uma espécie de fiador da candidatura de Tarcísio em 2022, quando abriu mão da candidatura própria do PSD para apoiar o bolsonarista e indicou seu vice, Felício Ramuth, ele próprio um ex-tucano.

O PSDB, que apostou na reeleição de Rodrigo Garcia, sequer passou do primeiro turno.

“O estado vive um novo momento. Depois de 30 anos, mudou o grupo político", explica Kassab, que se empenha em negar que esteva se esforçando para atrair os tucanos. "Esses prefeitos estão vindo por afinidade ideológica e por aprovarem o governo [Tarcísio]. E essa reacomodação mostra que parte do sistema antigo, ligado ao PSDB, era artificial. Se não, os prefeitos ficariam”.

Nacionalmente, o partido de Kassab controla três ministérios no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (Agricultura, Minas e Energia e Pesca) e tem brigado por mais espaço no governo enquanto se consolida como um dos pilares de Tarcísio de Freitas, cotado para disputar o Palácio do Planalto em 2026 ou em 2030, caso dispute a reeleição, depois que Bolsonaro se tornou inelegível.

Outro governador do PSD que também é apontado como possível presidenciável no campo da direita é o paranaense Ratinho Júnior.


Fonte: O GLOBO