Professor passou por cirurgia e recebeu alta no último domingo (8). Pedido foi feito pelo Ministério Público do estado devido à gravidade da lesão.

O Ministério Público do Acre (MP-AC) entrou com o pedido de prisão preventiva contra o empresário Adriano Vasconcelos Correa da Silva, de 47 anos, que agrediu com um murro o professor Paulo Henrique da Costa Brito, de 21 anos, que perdeu o olho.

A agressão foi capturada por câmeras de segurança de um bar de Brasileia na terça-feira (3). O homem, que está com um copo de vidro na mão, agride o professor não se intimidando nem mesmo com uma viatura da Polícia Militar que estava parada ao lado de onde tudo aconteceu.

O copo de vidro que estava na mão do empresário quebrou, causando lesões graves no olho esquerdo do professor, que passou por cirurgia e retirou o olho.

"Após a obtenção de imagens do incidente, o MP-AC iniciou os procedimentos necessários para esclarecer os eventos e tomar as medidas apropriadas para que a lei seja aplicada de acordo com os fatos, e o agressor seja responsabilizado", informou.

Nesta terça-feira (10), o MP-AC informou em nota que levou em consideração "a consistência das evidências quanto à autoria e a gravidade concreta do crime, que chegaram ao conhecimento do Ministério Público após o processo de flagrante."

O agressor foi preso em flagrante, passou por audiência de custódia na quarta (4) e foi solto após pagar R$ 10 mil de fiança. O delegado informou que a fiança foi estipulada pelo próprio juiz da audiência.

O pai da vítima, Paulo Sérgio Brito, disse que o filho já está em casa após receber alta no último domingo (8). Segundo ele, o jovem está se recuperando, mas ainda sente algumas dores. No dia 16, ele deve ter o retorno médico.

"Com esse pedido, a gente espera que a Justiça seja feita. Ele não furou apenas o olho do meu filho, ele mexeu com toda a família, é como se tivesse ferido todos nós", disse. O MP informou ainda que tanto o jovem quanto a família estão sendo acompanhados pelo Centro de Atendimento à Vítima (CAV) para garantir a proteção e segurança da vítima e de sua família durante todo o processo.

O g1 entrou em contato com o delegado Erick Maciel para atualizar as investigações, mas não obteve retorno. Porém, o delegado já havia confirmado ter iniciado as oitivas de testemunhas. Em reportagem no último dia 5, o delegado falou das investigações.

“Como ele foi posto em liberdade, tenho 30 dias para concluir o inquérito e remeter ao Judiciário. Estou ouvindo testemunhas, dois policiais militares que chegaram no momento da agressão e presenciaram, e dois garçons que estavam lá. Nossa dúvida é só quanto a questão da motivação, porque a autoria é inconteste, as provas, os vídeos mostram.

Até o momento, não soubemos de nada que possa justificar essa desproporcionalidade. Também temos ainda que ouvir a vítima, mas por conta da situação clínica dela, ainda não foi possível. Vamos esperar ele se restabelecer para ser ouvido. Ele também vai ser submetido a perícia, para o laudo da materialidade definitiva”, disse Maciel.

Na delegacia, o empresário disse que estava com alguns conhecidos no bar e que a vítima estava com um hippie, que começou a discutir com um dos seus amigos e iniciou a confusão e que, ao tentar ajudar a situação, a vítima teria se voltado contra ele. Ao ser questionado se teria quebrado um copo no rosto da vítima, ele preferiu ficar em silêncio. O g1 tentou contato com Silva, mas ele desligou a ligação quando a equipe se identificou. A reportagem também entrou em contato com a defesa do empresário, mas não obteve retorno.


Com cartazes e gritos de ordem, moradores de Brasiléia pediram justiça por Paulo Henrique da Costa Brito — Foto: Jhonys David/Arquivo pessoal

Protesto

Na tarde de quinta-feira (5), moradores de Epitaciolândia, onde o professor reside, protestaram por conta da agressão. Com cartazes e gritos de ordem, familiares e amigos de Brito se juntaram aos moradores para pedir justiça.

A mãe do jovem participou do protesto, e disse estar indignada com o caso. Segundo ela, o filho é uma boa pessoa, e não costuma se envolver em confusões. Ela espera que o agressor, indiciado por lesão corporal grave, seja devidamente punido.

“Eu, como mãe, estou me sentindo muito mal. Porque meu filho não merecia essa tragédia horrível que esse homem fez com ele. Porque meu filho não mexe com ninguém, não merecia uma tragédia dessa. Um homem de quarenta e poucos anos fazer isso com meu filho, de apenas 21 anos. Ele tem que fazer bem para os outros, não o mal.

Agora eu pergunto: por quê? Meu filho perdeu a visão, está na sala de cirurgia, e eu não sei o que vai acontecer. Agora, por nada. Ele fez isso com meu filho, é uma barbaridade, cruel. Por isso queremos vê-lo na cadeia, e a Justiça vai fazer o que tem que fazer, para ele nunca mais fazer isso com o filho de ninguém”, declarou.

Fonte: G1