Osher Vaknin morreu 'parando balas por um amigo' durante invasão de terroristas; família busca pistas sobre paradeiro de Michael Vaknin, que pode ter sido levado como refém para Gaza

Os gêmeos Osher e Michael Vaknin organizaram juntos o festival de música no sul de Israel, no qual mais de 250 pessoas foram massacradas por terroristas do Hamas. Osher foi enterrado nesta terça-feira em Jerusalém, enquanto seu irmão Michael está desaparecido desde então. 

Nas redes sociais, os dois aparecem numa foto, publicada cinco dias antes do festival, em meio aos preparativos da rave, no terreno que seria invadido por homens armados no último sábado.

Na sala de estar da família em Jerusalém, o “shiva” — período dos tradicionais sete dias de luto e rituais judaicos — começou em meio à dor e à angústia. Todos ainda aguardam o primeiro sinal de vida de Michael, que pode ter sido feito refém por extremistas do movimento islâmico palestino Hamas.

— Ele vai voltar para casa. E espero que não tenha sido sequestrado, caso contrário sua perda nos matará — diz Ausa Meir, irmã dos dois homens, horas depois do funeral de Osher.

Irmãos gêmeos postam foto em terreno que sediaria rave atacada pelo Hamas — Foto: Reprodução/Instagram

Osher morreu “parando balas por um amigo, por um irmão”, explica a franco-israelense de 32 anos, mãe de três filhos. Seu marido, um reservista do exército, foi convocado a lutar como milhares de homens israelenses para o front na manhã de sábado.

Milhares de jovens participaram no sábado no festival perto do kibbutz de Reim, no sul de Israel, perto da fronteira com a Faixa de Gaza.

A festa transformou-se num massacre quando mil combatentes do Hamas cruzaram a fronteira, lançando uma ofensiva contra Israel utilizando veículos, barcos e até parapentes.

Até 250 pessoas foram massacradas, segundo a ONG Zaka, enquanto outras foram levadas à força para a Faixa de Gaza como reféns.

'Carne humana'

Em imagens aéreas obtidas pela AFP, dezenas de carros queimados foram vistos na beira da estrada que leva ao local do festival.

— Fui procurar meu marido no local na segunda-feira, pensei que ele estivesse vivo — diz a viúva de Osher, Sunny Vaknin, com um nó na garganta, tremendo ao falar sobre a morte do marido a tiros. — A cadeirinha do bebê estava coberta de sangue... Havia sangue por toda parte, só sangue e carne humana. Fiquei em choque... Como vou contar para minha filha de um ano e meio que o pai dela está morto?

Ao seu redor, um grupo de jovens, alguns sobreviventes do ataque, tentou consolá-la. Eles torcem para que seu cunhado Michael ainda esteja vivo.

— Não encontrámos quaisquer vestígios do seu DNA no local — diz Sunny Waknin, que espera que o mundo ouça o seu apelo e ajude a encontrar o seu cunhado.

Busca por sobreviventes

Cerca de 150 pessoas foram feitas reféns pelo Hamas e levadas para Gaza. Suas identidades ainda não são conhecidas ou totalmente públicas, assim como os canais de negociação pela libertação.

— Pensamos que tinham sido raptados — explica Ausa Meir, que se recusa a pensar que os seus dois irmãos tenham sofrido o mesmo destino.

Osher e Michael Waknin organizaram festas em todo o país, incluindo “a maior rave de Israel”, diz um amigo.

Na sinagoga perto de sua casa, a mãe dos dois irmãos recebe os visitantes que foram apoiá-la.

Sentada em um banquinho baixo, marcado pela tradição judaica do luto, ela reza pelo retorno do filho Michael, que talvez ainda não saiba que perdeu o irmão gêmeo.


Fonte: O GLOBO