Rodrigo Duarte Bastos precisou prestar esclarecimento à Polícia Legislativa após confusão em que celular atingiu a senadora Soraya Thronicke, pouco depois do fim da CPI do 8 de Janeiro

Assessor do deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), Rodrigo Duarte Bastos, de 43 anos, será exonerado após envolver-se em uma confusão nos corredores do Congresso nesta quarta-feira. Pouco depois do encerramento da CPI do 8 de Janeiro, enquanto gritava contra parlamentares governistas e tentava filmá-los, o celular do servidor caiu na cabeça da senadora Soraya Thronicke (Podemos-MT). Após um princípio de tumulto, Bastos tentou fugir, mas precisou prestar esclarecimentos à Polícia Legislativa.

Por nota, Jordy, que é líder da oposição, negou que tenha havido agressão por parte do funcionário, mas viu "conduta incompatível com a de um assessor parlamentar" e informou que "sua exoneração já foi determinada". Essa não foi, porém, a primeira situação controversa na qual se envolve Bastos, que acumula uma série de acusações e polêmicas.

Em fevereiro de 2017, antes de se embrenhar pelas atividades políticas, ele foi acusado de agredir um pastor no Centro de Niterói, na Região Metropolitana do Rio. O motivo seria uma dívida do religioso, responsável pela igreja que Bastos frequentava, no valor de cerca de R$ 40 mil.

Segundo o registro de ocorrência, cujo conteúdo foi obtido pelo jornal Estado de S. Paulo, Rodrigo, aos gritos de "vou te matar", desferiu chutes e socos na vítima, que chegou a ficar desacordada. Ao prestar depoimento, porém, ele alegou legítima defesa, já que também teria sido agredido pelo pastor. Bastos foi denunciado pelo Ministério Público do Rio por tentativa de homicídio, mas a Justiça mudou a tipificação para lesão corporal. Pouco depois, o processo acabou arquivado por desistência do líder religioso.

Em outro episódio revelado pelo Estadão, ocorrido em 2014, uma mulher denunciou à polícia que seu cachorro havia sido atropelado pelo vizinho, justamente Rodrigo Duarte Bastos. De acordo com o relato fornecido aos agentes, ele teria atingido o animal ao dar ré no carro e deixado o local sem prestar socorro. Não há informações sobre o desfecho do caso.

Em 2022, em meio à campanha presidencial e já como assessor de Jordy na Câmara, Bastos levou um soco durante um comício do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em São Gonçalo, cidade vizinha a Niterói, também na Região Metropolitana do Rio. Antes, ele havia provocado uma confusão na porta de evento do petista.

Horas antes do início do ato no Clube Tamoio, no bairro Zé Garoto, o assessor apareceu dirigindo um carro adesivado com fotos de Lula preso e com imagens de campanha de Jordy e do filho do prefeito da cidade, Douglas Ruas (PL). Ambos são aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que à época disputava a reeleição.

A confusão teve início quando o bolsonarista, dentro do veículo, reduziu a velocidade ao som de vaias de apoiadores de Lula. Um deles chegou a dar um tapa no carro. Ao parar o automóvel, na Avenida Presidente Kennedy, ele reclamou e entrou em confronto com os petistas que estavam no local com bandeiras de campanha.

Na briga, o bolsonarista teve o celular tirado de sua mão, foi atingido na cabeça e os adesivos no veículo foram rasgados. Depois da confusão, Rodrigo Duarte foi retirado por agentes da Polícia Federal, que faziam a segurança no evento. Ele foi convencido a deixar o local, e um dos policiais o acompanhou até o carro.

Rodrigo Duarte também foi candidato a vereador em São Gonçalo nas eleições de 2020, pelo antigo Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB). No entanto, com 1.218 votos, ele acabou não se elegendo, ficando apenas como suplente.

Pelo cargo de assessor parlamentar de Carlos Jordy, Rodrigo Duarte recebe um salário de R$ 1,5 mil. O posto, no entanto, dava direito a gratificações que, somadas, chegavam a aproximadamente R$ 2,5 mil reais, fazendo com que sua remuneração mensal fosse de cerca de R$ 4 mil.


Fonte: O GLOBO