Índia lança missão solar pouco mais de uma semana depois do sucesso do pouso histórico perto do polo sul da Lua

A Índia lançou, neste sábado, um foguete transportando uma sonda para estudar o Sol, pouco mais de uma semana depois de pousar com sucesso em uma área inexplorada da Lua, perto do polo sul lunar. A Aditya-L1 ["Sol" em hindi] vai viajar por quatro meses até chegar ao seu destino, um ponto no centro do sistema solar apelidado de “estacionamento espacial”.

O foguete decolou às 11h50 [3h20 pelo horário de Brasília] e o lançamento foi transmitido ao vivo, sob aplausos de centenas de espectadores.

“Felicidades a nossos cientistas. Nossos incansáveis esforços científicos vão continuar a desenvolver uma maior compreensão do Universo”, publicou o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, no X [antigo Twitter]

Também no X, a agência espacial indiana (ISRO) confirmou que o lançamento foi um sucesso e que a sonda inicia sua jornada até o chamado ponto L1 Sol-Lua, onde ficará estacionada o que os pesquisadores chamaram de “primeiro observatório solar” da Índia.

O ponto L1 é um “ponto de Lagrange”, que são locais no sistema solar onde o equilíbrio de forças gravitacionais permite que um pequeno objeto, como uma sonda, se mantenha estável, diminuindo o consumo de combustível, segundo a agência de notícias Reuters. Por essa característica, já foram apelidados de “estacionamento espacial”

O destino da Aditya-L1 fica a 1,5 milhões de quilômetros da Terra, em uma viagem de quatro meses. O Sol está a 150 milhões de quilômetros do nosso planeta. A sonda carrega instrumentos científicos para observar as camadas mais externado do Sol e é a primeira missão solar indiana.

— É uma missão ambiciosa para a Índia — analisou o astrofísico Somak Raychaudhury em entrevista na rede de NDTV.

Segundo o cientista, a sonda vai estudar as ejeções de massa coronal solares, um fenômeno periódico que contém grandes descargas de plasma e energia magnética da atmosfera so Sol. Essas descargas massivas podem perturbar o funcionamento dos satélites em órbita da Terra. Um dos objetivos é colaborar para que cientistas possam prever esses fenômenos e também entender como acontecem, o que pode reduzir danos aos equipamentos espaciais.

A missão também pretende promover avanços na dinâmica de outros fenômenos solares por meio de captação de imagens e medição de patículas na atmosfera superior do Sol. A Aditya-L1 é transportada pelo foguete PSLV XL de 320 toneladas, criado pela ISRO.

Mais barato

O novo lançamento é o mais recente sinal do avanço do programa espacial indiano, que cresceu robustamente desde que enviou sua primeira sonda em órbita da Lua, em 2008. Há apenas 9 dias, a Índia se tornou o primeiro país a pousar uma nave próximo ao polo sul lunar, um terreno mais difícil para a alunissagem e que virou alvo da corrida espacial por conter água congelada.

Os Estados Unidos e a Agência Espacial Europeia já botaram naves espaciais em órbita para estudar o Sol, começando com o programa Pioneer da Nasa na década de 1960. Japão e China já lançaram suas missões de observação solar na órbita terrestre. Mas se tiver sucesso, essa será a primeira missão de um país asiático a levar uma sonda em órbita do Sol.

O programa espacial indiano avança com orçamento relativamente menor do que o de seus concorrentes, como a Rússia por exemplo. Os especialistas dizem que um dos motivos do custo menor é a abundância de engenheiros altamente qualificados que cobram muito menos do que os estrangeiros.


Fonte: O GLOBO