Texto segue para o plenário da Casa, votação final deve ocorrer na segunda-feira

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou o projeto de lei que regulamenta o Desenrola, programa de renegociação de dívidas do governo. Apesar de já estar em vigor por meio de medida provisória, a matéria precisa ser chancelada pelo Congresso. A mesma proposta criará um limite para a dívida do juro rotativo do cartão de crédito, que não poderá ultrapassar o dobro do montante inicial devido.

Depois de dizer que faria audiências públicas e não teria pressa em soltar o seu texto, o relator Rodrigo Cunha (Podemos-AL) apresentou o parecer nesta quinta-feira. Ele voltou atrás após pressão do Ministério da Fazenda e do Planalto. O temor do ministro Fernando Haddad era de que o Desenrola fosse paralisado caso o projeto de lei sofresse atrasos. O vencimento inicial seria até o dia 3 de outubro, quando expira a Medida Provisória que criou o programa.

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), agradeceu o relator pela celeridade.

— Queria agradecer sua compreensão, para que possamos votar o projeto — disse Wagner.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse que o projeto será votado na segunda-feira. É incomum a abertura de sessões no plenário no início da semana, mas Pacheco disse que está acelerando o processo após apelos do governo.

Rotativo do cartão de crédito

Ontem, o relator Rodrigo Cunha afirmou colocaria o teto de 100% ao ano como critério do acordo que precisa ser feito entre os bancos com o Conselho Monetário Nacional (CMN). A alteração, porém, será feita pelo executivo no momento da regulamentação da lei.

— O texto que está sendo aprovado já coloca como uma penalidade o limite, caso, no prazo de 90 dias, não seja aprovada uma proposta pelo CMN. Existe a possibilidade de autorregulação dos bancos e maquininhas, apresentando um caminho ao CMN. Nós conseguimos ter o reforço do ministro Haddad e do ministro Padilha de que houve um acordo para isso.

A matéria tem apoio da oposição, que interrompeu a obstrução de pauta no Senado e se comprometeu com a aprovação do texto.

— Estávamos em obstrução até ontem, suspendemos hoje por causa dessa matéria, porque é o povo lá na ponta que será beneficiado — disse a senadora Damares Alves (Republicanos-DF)

Senadores e deputados de oposição, da bancada evangélica e ruralista, participaram de um movimento para obstrução da pauta no Congresso, em protesto à rejeição da tese do Marco Temporal no Supremo Tribunal Federal (STF), e outras propostas em análise pela Corte, como a descriminalização do aborto nas primeiras 12 semanas de gestação e da porte de maconha para consumo próprio.


Fonte: O GLOBO