Segundo Alessandro Martins, a mulher que aparece em um vídeo feito por ele proferindo frases racistas nunca o procurou para pedir desculpas. Delegado responsável pelo caso não se pronunciou sobre o andamento das investigações.

No dia 7 de fevereiro deste ano, o motoboy Alessandro Martins trabalhava em uma farmácia em Rio Branco, quando sofreu ataques racistas de uma cliente. Ele flagrou a cena em um vídeo que repercutiu na internet, e mostra Mafiza de Souza Cardoso fazendo gestos obscenos em direção ao rapaz e gritando os xingamentos racistas. Durante o ataque, ela ainda cospe em Martins. (Veja o vídeo abaixo)

Mais de seis meses após o caso, Martins contou ao g1 que nunca recebeu pedido de desculpas de Mafiza ou da família dela, e que foi ouvido pela polícia ainda em fevereiro, mas não soube se a mulher também já foi procurada pelo delegado à frente do caso, Pedro Resende.

“Até hoje nunca aconteceu absolutamente nada, nunca a família dela me procurou, ao menos para pedir uma desculpa pelas ofensas racistas, nunca fui chamado para uma audiência. Única coisa que aconteceu foi eu apresentar meu depoimento sobre o caso pra polícia e para o Ministério Público”, diz.

O g1 tentou contato com Resende, que pediu para se pronunciar posteriormente. A defesa de Mafiza não retornou ao contato até esta publicação.

“Muita indignação, pois foi um caso que viralizou em todo o Brasil , tendo mais de 15 milhões de acessos juntando todas as redes sociais e páginas jornalísticas. Além disso, foi um ato de ofensas racistas, onde a família da acusada nunca me procurou para fazer um simples pedido de desculpas sobre ocorrido”, relata Martins.

Martins contratou a advogada Gicielle Rodrigues para acompanhá-lo no caso. Ela disse que já existe uma ação por danos morais tramitando na 4ª Vara Cível. Além disso, eles buscam punição por racismo.

"Neste sentido Alessandro Monteiro me procurou em busca de amparo jurídico e para que daqui por diante sigamos juntos em busca de justiça. Já existe uma ação de danos morais tramitando na 4ª Vara Cível, contudo buscaremos também a condenação criminal por tudo que meu cliente sofreu no dia 7 de fevereiro 2023, em plena luz do dia e na presença de várias pessoas", explica.

Ainda segundo a advogada, o processo ainda está na fase policial, e ainda não houve alegação de insanidade pela defesa de Mafiza.

Alessandro Martins precisou de tratamento para conseguir retornar ao trabalho após sofrer ofensas racistas — Foto: Arquivo pessoal

"O racismo deve ser combatido diariamente, primeiro em atitudes individuais e depois de forma social não basta sermos contra o racismo, precisamos ter uma atitude antirracista", destaca.

Após o caso, o motoboy precisou voltar à sua função e, segundo ele, com o abalo causado pelas ofensas, precisou de tratamento para conseguir retornar ao trabalho.

“Precisando de tratamento psiquiátrico, pois não sabia como lidar com a situação que ocorreu. Tive que seguir trabalhando, onde a todo momento a sociedade solicitava alguma resposta do poder público e nada aconteceu até o momento”, finaliza.

Defesa diz que suspeita é esquizofrênica

Na época que o caso veio à tona, a defesa de Mafiza alegou que a funcionária pública é esquizofrênica e que chegou a ficar internada por cinco meses no Hospital de Saúde Mental do Acre (Hosmac), em Rio Branco. Inclusive, na quarta-feira (8), houve um impasse entre as advogadas da defesa e a direção da unidade, que não permitiu o acesso delas à paciente.

"Ela já é conhecida no Hosmac. Ano passado, ela ficou 5 meses internada e faz cerca de 2 meses que o médico liberou", disse a advogada de defesa Helane Cristina.

Fonte: G1